São Paulo, quinta-feira, 6 de abril de 1995
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Sarajevo é atingida em aniversário

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Forças sérvias lançaram 13 morteiros sobre um subúrbio de Sarajevo na manhã de ontem, dia em que completou três anos o cerco sérvio à cidade.
O ataque sérvio com morteiros atingiu o subúrbio de Hrasnica, logo depois que tropas bósnias metralharam posições controladas pelos sérvios em Vojkovici.
As Nações Unidas estão investigando o incidente para determinar se os morteiros usados estão dentro dos limites permitidos nas zonas de exclusão da ONU.
O primeiro-ministro da Bósnia, Haris Silajdzic, afirmou ontem que seu país está à beira de um genocídio e de uma guerra de dez anos com poucas chances de paz.
"Os sérvios não são fortes o bastante para nos exterminar, e nós não somos fortes o bastante para impor a paz", disse Silajdzic.
Ele atacou o embargo de armas imposto à ex-Iugoslávia e disse que os sérvios manobraram a comunidade internacional.
Segundo ele, a extensão formal de um cessar-fogo sempre rompido é a única opção que resta ao Grupo de Contato (França, Alemanha, Reino Unido, EUA e Rússia), formado há um ano para negociar a crise bósnia.
Os países do Grupo de Contato afirmam que pressionaram as partes em guerra, que reduziram as ambições da Sérvia a construir um império na região e reduziram as tensões na Croácia.
Mas diplomatas e analistas dizem que só foi produzida uma imensa papelada sobre os desacordos. A ação do grupo seria, segundo eles, um retumbante fracasso.
"Os países só estão tentando mostrar que estão fazendo alguma coisa e que perderam a chance de pôr para funcionar seu plano de paz", disse o diplomata alemão Tilmann Chladek.
"O plano de paz está tão morto quanto o dodô" (ave extinta), disse Jonathan Eyal, do Instituto Real de Serviços Unidos de Londres.
Os cinco países do grupo de contato decidiram reunir esforços depois de uma série de conflitos na Bósnia e ataques aéreos da Otan (a aliança militar ocidental).
foi produzido um plano para dividir a Bósnia ao meio, metade para os sérvios, metade para a Federação Muçulmano-Croata que ainda não saiu do papel.
Os sérvios, que detêm 70% do território bósnio, rejeitaram o plano. A ação da ONU contra bombardeios e violações sérvias é considerada tíbia por inúmeros especialistas.
Ontem em Sarajevo um pequeno grupo de 15 pessoas se reuniu para colocar flores no túmulo da estudante Suada Dilberovic, a primeira das cerca de 10 mil pessoas que a guerra matou na cidade.

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