São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
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Saiba como a Vasp passou a dever ao Banespa

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Wagner Canhedo deve ao Banespa US$ 196 milhões. A origem dessa dívida remonta a 1989, quando o Banespa (banco do governo paulista) emprestou dinheiro para Canhedo comprar a Vasp, que pertencia ao governo paulista.
O processo de privatização da companhia aérea foi realizado durante o governo de Orestes Quércia (1987/1991).
Depois, com a Vasp já sob controle de Canhedo, o Banespa concedeu outros empréstimos para a companhia aérea desenvolver seus negócios. Os empréstimos têm o aval (garantia) de Canhedo, acionista majoritário da Vasp. Por isso ele é o principal devedor.
O Banespa também tem como garantia (em caso de não pagamento do empréstimo estes títulos ou bens são vendidos para quitar a dívida) nove jatos da companhia.
Até 30 de dezembro do ano passado, quando o Banco Central interveio no Banespa e nomeou uma nova direção, Canhedo conseguia renegociar e adiar os pagamentos indefinidamente.
Mas a comissão interventora convocou Canhedo e deu a ele prazo para que apresentasse proposta para pagamento efetivo. O empresário perdeu o prazo e o Banespa começou a executar as dívidas atrasadas.
Na Justiça de São Paulo, há cinco processos de cobrança movidos pelo Banespa contra a Vasp e/ou Canhedo. A prisão do empresário, decretada ontem, tem uma causa específica: a Vasp deu um sumiço em um jato, que era garantia de empréstimo e que deveria ter sido colocado sob guarda do Banespa, por decisão da justiça paulista.
Esse caso intriga a direção do Banespa. Logo que foi solicitado o arresto do jato (que fosse retirado de circulação e posto à disposição do Banespa), a Vasp deslocou esse aparelho para operar na área de Salvador (BA) para o Norte e Nordeste.
Ou seja, a companhia de algum modo soube do processo antecipadamente e tratou de colocar o jato fora do alcance da justiça paulista. Ontem, o aparelho foi localizado, e arrestado, em Teresina (PI).
Em outro processo contra a Vasp, o Banespa está tentando receber o seguro referente a um avião da companhia que sofreu acidente no aeroporto de Cumbica, há dois meses. O aparelho estava dado em garantia e, por isso, o Banespa acredita que deve receber o dinheiro do seguro.
A comissão interventora do Banespa informou que dá o mesmo tratamento a todos os devedores que não vinham pagando: dá prazo para uma proposta de pagamento efetivo e imediato. Se o devedor não se apresenta, o caso vai para a execução judicial.

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