São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995 |
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Mudança pode demorar anos
SILVANA QUAGLIO; DENISE MADUEÑO
A proposta inicialmente defendida pelo deputado Almino Affonso (PSDB-SP) -do mesmo partido de FHC- e pelo senador Roberto Freire (PPS-PE), ganha força no Congresso e pode diminuir as resistências à mudança do sistema. A idéia tem a simpatia do PT. Reunidos ontem para discutir um projeto alternativo ao enviado pelo governo, os parlamentares petistas não chegaram a uma proposta final, mas concordaram que este é um ponto consensual no partido. Almino Affonso apresentou a proposta à bancada do PSDB na Câmara, na terça-feira. No mesmo dia, o presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu que as mudanças no sistema previdenciário não valham para quem já trabalha. Affonso levou ontem a idéia a FHC em almoço no Planalto. O presidente prometeu analisar. "Nossa intenção é criar um sistema viável técnica e politicamente", disse o deputado tucano. No próprio PSDB, a resistência às mudanças propostas pelo governo são grandes. Na reunião da bancada tucana da Câmara, terça-feira, o debate se limitou à Previdência e o assunto não foi esgotado. Eram tantas as discordâncias, que o deputado Arnaldo Madeira (SP) confessou aos colegas: "No início da reunião eu me senti a velhinha de Taubaté (personagem de Luiz Fernando Verissimo que simboliza a credulidade tola). Só eu defendia o governo". Almino Affonso, que já consultou as principais lideranças do Congresso, garante que a receptividade é grande. "Fiquei surpreso", afirmou. Para evitar desgaste, o governo não deve retirar a proposta que tramita vagarosamente na Câmara. Mas poderá adaptá-la, segundo Affonso. Se o governo acatar a idéia, existirão dois sistemas previdenciários até que o atual acabe. Para apressar um pouco esta transição, o deputado defende que se crie um sistema de estímulo para que quem já trabalha migre para o novo sistema. No PT, as resistências à reforma do sistema começam a arrefecer. Entre os pontos consensuais, entretanto, o partido não aceita o fim da idade por tempo de serviço. Os parlamentares concordam que o controle de contagem de tempo deve ser mais rígido. "Estudantes de escolas técnicas federais podem contar o tempo de estudo para aposentadoria", exemplificou Paulo Paim (PT-RS). (Silvana Quaglio e Denise Madueño) Texto Anterior: Governo desiste de manobra e agora negocia Previdência no Congresso Próximo Texto: Presidente deve ir a 14 países Índice |
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