São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
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Ação surpreende governistas atrapalhados

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A articulação dos ruralistas surpreendeu o líder do governo no Congresso, Germano Rigotto (PMDB-RS), que poderia ter evitado a derrubada do veto presidencial se pedisse em tempo a retirada do item da pauta de votações.
O pedido só foi feito minutos antes do fechamento das urnas, quando os ruralistas já comemoravam a vitória, dada como certa. A Mesa, presidida pelo deputado Ronaldo Perim (PMDB-MG), rejeitou o requerimento.
Trabalhando em silêncio, os ruralistas passaram o dia todo em busca de adesões. A Frente Parlamentar da Agricultura, que reúne os representantes do setor, tem um coordenador em cada um dos grandes partidos.
Os coordenadores foram incumbidos de mobilizar os integrantes de sua bancada e garantir uma vitória avassaladora.
"Hoje vamos derrubar um veto e mostrar nossa força ao governo", dizia o deputado Augusto Nardes (PPR-RS) horas antes da votação.
Quando os vetos começaram a ser discutidos, os ruralistas partiram para o corpo-a-corpo, distribuindo até modelos de cédulas nas filas de votação.
Ao perceber a derrota iminente, Rigotto se refugiou no fundo do plenário para discutir uma alternativa com os líderes do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), e no Senado, Sérgio Machado (CE).
O líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (SP), era citado em panfletos dos ruralistas como avalista do acordo fechado em 1994 entre a bancada e o presidente Itamar Franco.
"Isso aí é da época em que eu era líder do governo Itamar. Não sei se os ruralistas foram contemplados. Derrubada de veto é com o Congresso", disse Santos ao receber da reportagem da Folha um dos panfletos.
O pedido de anulação de votos de quatro senadores, feito por Rigotto, também foi considerado um erro na estratégia dos governistas.
"Sendo deputado, Rigotto está regimentalmente impedido de interferir em uma votação de senadores", disse o senador Esperidião Amin (PPR-SC).
Rigotto teve de encaminhar o pedido porque não havia nenhum senador acompanhando a apuração dos votos.
"Agora não adianta reclamar", disse Amin, que fez uma citação em latim ao comentar o caso: "Dormientibus non succurrit jus", ou, em bom português: "O direito não socorre quem dorme".

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