São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995 |
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Primeiro homem é vacinado
CRISTINA GRILLO
Éder Ramos de Oliveira, 30, trabalha como vigilante numa empresa de segurança do Rio. Separado, sem filhos, Oliveira disse ter se apresentado como voluntário por "uma razão prática". "Todos nós estamos expostos ao risco da doença. Alguém tem que fazer alguma coisa para contê-la", disse. A decisão de se apresentar ao Programa de Prevenção da Aids da Fiocruz foi rápida, segundo o vigilante. "Li o anúncio nos jornais há um mês, telefonei, passei por uma entrevista e hoje tomei a vacina", contou. Ele disse já ter começado a enfrentar preconceito por causa de sua decisão. "Alguns colegas de trabalho estão me olhando de lado. Eles acham que, se me meti com isso, ou sou homossexual ou sou drogado", disse. Apesar disso, o vigilante disse não estar preocupado com as reações. "Não tenho medo do preconceito e o risco da vacina é o mesmo que corro ao atravessar uma rua", afirmou. A família, segundo Oliveira, aceitou bem sua decisão. A namorada, no entanto, ficou um pouco receosa. "Mas conversei com ela e disse que não havia perigo". Oliveira receberá três doses da vacina -uma por mês. Durante seis meses, seu sangue será colhido e passará por exames para detectar se surgiram anticorpos ao vírus da Aids. A produtora cultural Ana Lúcia Ricon de Freitas, 29, primeira brasileira a receber a vacina, esteve ontem na Fiocruz para receber a segunda dose da V-108. "Estou bem, passei um mês ótimo, sem nenhuma reação à vacina", disse a voluntária, que ontem colheu sangue para sua primeira série de exames. Voluntários Outros sete voluntários estão sendo examinados pela Fiocruz para receberem a V-108. Eles foram selecionados entre as cerca de 50 pessoas que responderam a um anúncio convocando voluntários, publicado em jornais do Rio no dia 5 de março. Texto Anterior: Decisão preocupa soropositivas Próximo Texto: Congresso altera leis sobre crime organizado Índice |
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