São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Consumidor paga, diz o 'rei do arroz'

Para Érico Ribeiro, Congresso agiu bem

BRUNO BLECHER
EDITOR DO AGROFOLHA

Maior produtor individual de arroz do mundo, o empresário gaúcho Érico Ribeiro, 58, está colhendo 5 milhões de sacas do tipo agulhinha nesta safra, o que, por baixo, equivale a uma receita de R$ 50 milhões.
O "rei do arroz" comanda o grupo Extremo Sul, conglomerado formado 22 empresas e que conta com fazendas no sul do Rio Grande do Sul, Centro-Oeste e no Uruguai.
Para Ribeiro, o Congresso apenas colocou as coisas no seu devido lugar ao derrubar o veto do ex-presidente Itamar.

Folha - O senhor apóia a atitude do Congresso?
Érico Ribeiro - O governo queria que os preços mínimos ficassem congelados enquanto os custos financeiros, atrelados à TR, continuavam subindo. Como os agricultores podem conviver com juros de quase 5% se os preços do seu produto estão parados? O Congresso apenas colocou as coisas no seu devido lugar.
Folha - Mas o resultado disto pode ser um rombo no Tesouro Nacional.
Ribeiro - A alternativa é o governo corrigir os preços mínimos.
Folha - Alguém vai ter de pagar esta conta.
Ribeiro - É o consumidor quem vai ter de pagar a conta. Afinal, com o crescimento da produtividade agrícola, o consumidor está comprando alimentos cada vez mais baratos.
Folha - O senhor tomou empréstimo no banco para o plantio desta safra?
Ribeiro - Não.
Folha - O senhor tem alguma dívida referente ao crédito rural?
Ribeiro - Deixa eu ver... Tenho sim, de um financiamento feito em 1993.
Folha - Então, o senhor vai ser favorecido com esta medida do congresso caso ela seja retroativa.
Ribeiro - Beneficiado, não. O que eu não vou ser é prejudicado.
Não ganho nada com isto. O governo quer que o agricultor produza alimentos baratos, sem ter lucro nenhum. O homem do campo hoje é um pária (homem excluído da sociedade).

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