São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Países ricos adiam para 1997 metas sobre clima

Documento considera inadequados acordos de 1992

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BERLIM

Os países industrializados devem, só em 1997, assumir novos compromissos para a proteção do clima. É o que sugere o "Mandato de Berlim", aprovado ontem, no último dia da 1ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.
O documento, na sua introdução, considera "inadequados" os compromissos fixados na Convenção de 92, realizada no Rio, e abre um processo de negociação.
Este, diz o mandato, começará imediatamente, mas será concluído só daqui a dois anos, com a assinatura de um protocolo na 3ª Conferência, no Japão.
O protocolo deve trazer novas metas e prazos para a redução dos gases que, no fenômeno conhecido como "efeito estufa", provocam a elevação da temperatura e o aquecimento da Terra.
Vários estudos científicos divulgados em Berlim indicam que esse protocolo é necessário.
A Convenção determina -e o Mandato de Berlim reafirma- que os países industrializados devem, até o ano 2000, reduzir as emissões aos níveis de 1990.
As negociações devem agora pensar em metas para depois do ano 2000.
O mandato também considera a necessidade dos países em desenvolvimento de crescerem economicamente e não introduz, para eles, compromissos de redução de emissões.
Esta foi a posição de vários países, como o Brasil.
"Foi tão difícil conciliar os mais diversos interesses, que a aprovação de um mandato representa um sucesso", disse a ministra alemã Angela Merkel, presidente da Conferência.
"A Conferência fracassou", declarou o Greenpeace. Os grupos ambientalistas defendiam a adoção de um protocolo já neste ano.
Os países industrializados são responsáveis por 75% das emissões de CO2 -o gás carbônico, principal gás do efeito estufa- em todo o mundo.
Alguns deles -como os EUA- resistem à adoção de novas metas devido ao alto custo que exige a redução de emissões.
O Brasil emite pouco menos de 2% do total, em boa parte devido ao desmatamento.
Montevidéo (Uruguai) foi escolhida ontem como sede da 2ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá em 96.
O argentino Raul Estrada, presidente do comitê negociador da conferência, foi eleito presidente do grupo de trabalho que preparará propostas para o protocolo a ser assinado em 1997.

Com agências internacionais

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