São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Importações de arroz deverão cair pela metade

JOSÉ CARLOS VIDEIRA
DA REDAÇÃO

O Brasil deverá importar menos da metade do 1,35 milhão de toneladas de arroz que comprou no mercado internacional no ano passado. Isso deve acontecer porque o governo passou a exigir que o pagamento das compras externas do produto fosse feito à vista.
Todo o pagamento de compras externas de arroz, de qualquer procedência (mesmo do Mercosul), a desde o início de março passou a ser à vista. Neste ano, com as modificações introduzidas na liquidação das compras e a desvalorização do real, as importações brasileiras devem ficar em torno de 650 mil toneladas. A estimativa é da empresa gaúcha Agriplan Planejamento Agropecuário.
Antes disso, os importadores podiam pagar muitas vezes em até 12 meses. Com essa facilidade e o câmbio favorável, no ano passado, as importações brasileiras só foram menores que as do Japão, que chegaram a 2,3 milhões de toneladas, devido à quebra da safra daquele país. Neste ano, as estimativas indicam que os japoneses devem importar apenas 300 mil toneladas de arroz.
"Caso não tivesse havido a decisão de mudar a política de pagamento das importações, o Brasil seria o maior importador de arroz do mundo, neste ano", diz o analista da Agriplan Rogério Tolfo. A previsão é de que o país ainda fique entre os cinco primeiros importadores mundiais de arroz neste ano, segundo a Agriplan.
Tolfo acha que não haverá problema de abastecimento. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima a produção nacional de arroz na safra 94/95 em 11,43 milhões de toneladas. O governo tem 2,5 milhões de estoques em EGF (Empréstimo do Governo Federal), além de mais 1 milhão de toneladas em AGF (Aquisição do Governo Federal). O consumo gira em torno de 13 milhões.
Para o diretor da Federarroz (Federação das Cooperativas de Arroz do Rio Grande do Sul), Pedro Chagas Barcelos Filho, a medida do governo acabou chegando tardiamente. Segundo ele, a entrada maciça de arroz importado "a preços subsidiados" no ano passado prejudicou os produtores.
"Agora o prejuízo está consolidado. A medida vai servir apenas para a próxima safra", disse. Barcelos também entende que a alíquota de importação para países fora do Mercosul (fixada em 10%) ainda é muito baixa e a do Mercosul é zero.
Barcelos diz que muitos produtores estão preferindo produzir arroz no Uruguai para exportar para o Brasil. "Metade da área cultivada de arroz do Uruguai está nas mãos de brasileiros".

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