São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Preços em movimento

Na semana passada, depois do bloqueio à importação, vários preços subiram com mais vigor. Coincidência ou não, há um clima menos favorável ao equilíbrio interno logo depois de medidas cuja prioridade é o equilíbrio externo.
O índice da Fipe vai beirando os 2%, bastante longe dos cerca de 0,5% que chegou a registrar no início do ano. Os produtos industrializados já dão sinais de reação. O leite subiu cerca de 10%. E as montadoras, afetadas pela elevação das alíquotas do imposto de importação, já anunciam novos aumentos. Subiram também os cigarros.
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, insiste na tese de que o movimento de preços é normal em qualquer economia. Afetando tranquilidade, o ministro dá a entender que preços sobem e descem, sem prejuízo da estabilidade.
Índices como o da Fipe, entretanto, revelam que os preços em movimento de alta pesam mais que os variando em sentido contrário. O mais preocupante, nesse quadro, é o fato de que a âncora mais forte tem sido a dos preços agrícolas, mas os preços de produtos industrializados e semi-elaborados já mostram maior vigor. Passada a fase favorável da comercialização da safra agrícola, portanto, as pressões podem aumentar ainda mais.
O movimento dos preços, entretanto, não se dá no vazio. O desempenho das vendas dos supermercados na região metropolitana de São Paulo, segundo levantamento da Federação do Comércio, registrou aumento de 9% em março (dado que inclui as vendas de farmácias e perfumarias). Já os dados para todo o país, da Associação Brasileira de Supermercados, mostram queda nas vendas entre 7% a 10%.
Ou seja, há sinais de que as pressões de consumo são relevantes, ainda que com tendência de desaquecimento, numa economia cuja capacidade produtiva está perto da plena utilização e que agora pode contar bem menos com o suprimento de importados. Os preços portanto se movimentam, e com razão, principalmente para cima. Falta saber se o Ministério da Fazenda também vai se mexer.

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