São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Líder tucano acusa governistas de omissão

ANDREW GREENLEES; DANIEL BRAMATTI
DO PAINEL

O líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), acusou ontem de "omissão" os líderes do governo na Câmara, Luís Carlos Santos (PMDB-SP) e no Congresso, Germano Rigotto (PMDB-RS).
O estopim da crise entre as lideranças governistas foi a derrubada, na quinta-feira, de um veto presidencial que tratava da dívida de agricultores.
A decisão do Congresso, segundo o governo, abre um rombo nas contas públicas.
"O governo perdeu porque faltaram votos de sua base e os líderes do governo simplesmente desapareceram na hora da votação", disse Aníbal. "Eles sequer avisaram o que estava em votação".
Segundo o líder tucano, numa rápida conversa antes da votação, Rigotto solicitou que a liderança do PSDB pedisse à mesa diretora a retirada da pauta de votação do veto, mas não explicou do que se se tratava.
Aníbal conta que atendeu ao pedido, mas que mais tarde foi procurado pela bancada ruralista (bloco de parlamentares de diversos partidos ligados à agricultura).
Os deputados assinalaram ao líder que o veto tratava da questão agrícola e que havia um acordo do setor com o governo desde a criação da URV no sentido de alterar as regras do credito.
O acordo, disseram ainda, foi feito na época, com o então líder do governo Itamar Franco, o mesmo deputado Luís Carlos Santos.
"Procurei intensamente os líderes do governo para saber se realmente havia o acordo, mas eles sumiram", disse Aníbal.
"Acordo é coisa fundamental no Congresso e, se existe, precisa ser respeitado", acrescentou o tucano para justificar sua decisão de comunicar à mesa que o veto poderia continuar em pauta.
Aníbal chegou a dizer ontem que os líderes do governo "talvez quisessem jogar uma casca de banana para o PSDB".
Luís Carlos Santos diz que "Aníbal é quem tem que se explicar. A decisão de retirar ou não o veto ao crédito agrícola da pauta de votação não era de Aníbal e sim do governo".
Santos diz que no dia da votação houve uma reunião entre os líderes do governo e dos partidos aliados, onde ficou definida a estratégia de retirar o veto da pauta de votação.
Segundo o líder tucano, caberia aos líderes do governo acompanhar passo a passo a votação dos vetos em plenário e não delegar esta responsabilidade aos partidos que apóiam o governo. "Sou líder do PSDB, não do governo. Eles se omitiram", disse Aníbal.
As críticas de Aníbal aos líderes do governo trazem a público uma crise que vinha se desenhando nos últimos dias.
As lideranças do PMDB, PFL e PSDB conseguiram um melhor entrosamento, mas a relação com os líderes do governo estava cada vez mais conturbada por conta de desentendimentos sobre a articulação no Congresso.

Colaborou DANIEL BRAMATTI, da Sucursal de Brasília.

Texto Anterior: ACM seria bom lateral-direito
Próximo Texto: Sinal de pane faz FHC trocar de helicóptero
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.