São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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'Mercado é da Virgem Maria e Menino Jesus'

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM QUIXADÁ

O prefeito de Quixadá não terá pela frente apenas a oposição dos chamados partidos que se dizem liberais. Também os comerciantes que atuam no mercado se dizem claramente contrários à privatização.
A maioria alega que não tem dinheiro. Alguns argumentam até com questões religiosas.
A comerciante Raimunda Pereira Lima, 65, alega razões "sagradas e econômicas" para se opor à privatização do Mercado Municipal de Quixadá.
"O prefeito não pode vender este mercado porque ele pertence ao Menino Jesus e à Virgem Maria. Além disso, eu não tenho como sobreviver fora do mercado", diz Raimunda.
O mercado foi construído em uma área doada pela Igreja Católica à prefeitura.
Raimunda é uma das seis pensionistas que vendem comida ali. Ela paga R$ 2,00 à prefeitura pelo aluguel de um box de 20 metros quadrados.

Sem dinheiro
Assim como dez comerciantes entrevistados pela Agência Folha, Raimunda diz que não pode pagar os R$ 6.000,00 que a prefeitura calcula como preço de venda para o box onde funciona seu pequeno restaurante ("pensão", chama-se na região).
Instalada há 32 anos no mercado, Raimunda diz que fatura uma média de R$ 70 por mês com seu ponto comercial.
Ela cobra R$ 1 por um prato feito -arroz, feijão e carne. "Nem que quisesse, eu teria condições de pagar um aluguel ou comprar o meu lugar de trabalho", declara.
(PM)

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