São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falta um horizonte

DEMIAN FIOCCA

O governo contava com um enorme afluxo de capitais e desde a crise do México eles estão saindo do país; contava que o endosso à agenda liberal garantiria o apoio do "mercado" e o "mercado" especula contra o governo; dizia estar convicto de que a aliança com o PFL e o PTB garantiria a governabilidade e as derrotas no Congresso se sucedem.
Há sempre a esperança de que a turbulência passe, a credibilidade retorne e com ela volte o capital externo. É possível. Mas este ano, as chances não são as melhores. Além das dificuldades internas, o patamar dos juros nos EUA joga contra: remunera a contento o capital que fica em um porto muito mais seguro.
Turvou-se o horizonte. É preciso construir outro. Sem contar com uma situação externa favorável, sem a colaboração dos conservadores e sem o otimismo do mercado, o governo foi abandonado pelos aliados que escolheu.
Esse cenário sugere que o Executivo use os instrumentos para os quais tem autonomia. Junto a uma política de contenção de gastos, a fiscalização das receitas auxiliaria o equilíbrio das contas públicas. Face aos absurdos níveis de sonegação, há um imenso potencial para arrecadar -e fazer justiça- que está inaproveitado.
Restringir importações para restaurar o superávit comercial ajudaria a dar credibilidade à moeda nacional. Trata-se de administrar o prejuízo.

Texto Anterior: Empréstimo cobre escolas e pré-datado
Próximo Texto: Um pouco de tranquilidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.