São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Crescem diferenças entre os fundos de commodities

GABRIEL J. DE CARVALHO; JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO

Quem se deu ao trabalho de observar o comportamento dos fundos de investimento em março ficou surpreso com a disparidade das taxas de rentabilidade do mais atrativo deles, o de commodities.
No acumulado do mês, os 241 fundos deste tipo, girando ao redor de R$ 22 bilhões, apresentaram rendimento médio de 3,77%, antes do desconto do Imposto de Renda em eventual resgate. Com IR a taxa cai para 3,39%.
A listagem da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), entretanto, mostrou resultados de -23,67% a +14,59%.
Numa aplicação de R$ 100 mil, as perdas ou ganhos equivaleram ao valor de um carro zero.
Se você investe em fundos de commodities, não deve se assustar com estes resultados. Deve, isto sim, se acostumar com eles.
Desde janeiro, esses fundos ganharam maior flexibilidade para aplicar o dinheiro captado no mercado. Um mesmo banco opera vários fundos de commodities, cada um deles com perfil de aplicações e objetivos diferenciados.
Alexandre Zakia, administrador de recursos de terceiros do BBA, explica que, na realidade, existem três tipos de fundos de commodities: os de renda fixa, mais conservadores, os de "hedge" (proteção) cambial e os mais agressivos, com carteiras mais especulativas.
"Cada um atende a uma parcela específica de mercado", diz ele.
O fundo conservador garante rentabilidade próxima à do CDI (Certificado de Depósito Bancário), que, em março, ficou em 4,37%. Os juros do CDI são aqueles praticados entre os próprios bancos, quando um empresta dinheiro do outro.
Como a rentabilidade bruta dos fundos de commodities ficou, na média, ponderada por patrimônio, em 3,77% no mês de março, renderam 86,27% do CDI.
Os fundos agressivos são minoria no total de 241. Fazem operações mais arriscadas, particularmente nos chamados mercados futuros, onde se aposta que numa data mais à frente um determinado ativo terá este ou aquele preço.
A grande disparidade de rentabilidade em março pode ser explicada por três razões: dólar e juros deram um salto e a Bolsa caiu.
Entre os fundos agressivos, alguns acertaram a tendência de Bolsa e/ou dos juros e/ou do dólar (ganharam dinheiro). Outros erraram na aposta (ver outro texto).
Mesmo os que tinham títulos públicos em carteira podem ter sofrido alguma perda de rentabilidade com o salto dos juros. "Foi o caso das carteiras de BBCs", diz o diretor financeiro do Banorte, José Carlos Maia.
BBCs são os Bônus do Banco Central, prefixados, em geral, hoje, para 35 dias. Os juros saltaram no meio do caminho. Já as carteiras de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) ganharam. São pós-fixadas. Rendem juros diários do over.
Muitos fundos aplicam parte de seus recursos na Bolsa, que também sofreu fortes oscilações e fechou março em baixa.
Por isso, ao escolher onde vai aplicar seu dinheiro, o investidor precisa conhecer o perfil do fundo.
Se quer arriscar, entra num fundo agressivo. Se prefere garantir retorno pelos juros de mercado, opta por um fundo conservador.

Colaborou JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA, da Reportagem Local.

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