São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Argentina estréia GP de US$ 15 milhões

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

Argentina estréia GP de US$ 15 milhões
Nada menos que US$ 15 milhões. Foi esse o custo do sonho argentino de voltar a fazer parte do calendário da Fórmula 1, depois de 14 anos.
Um sonho que integra a plataforma política de Carlos Menem, presidente argentino, que tenta a reeleição em maio.
Menem lidera as pesquisas com 42% das preferências. Precisa de 45% para não ir ao segundo turno.
A volta da F-1 à Argentina é uma promessa de campanha, feita em 89, agora cumprida.
Na sexta, um dia depois de prometer 350 mil empregos se eleito, Menem compareceu no Autódromo Municipal de Buenos Aires.
Abraçou Bernie Ecclestone, presidente da Foca (Associação dos Construtores da F-1), sorriu para os fotógrafos e atendeu a jornalistas de vários países.
Menem e seu partido, o Justicialista, se gabam da herança peronista (movimento populista baseado na figura de Juan Domingo Perón, líder político argentino).
E é com medidas populares, como reabilitar o GP da Argentina, que ele espera obter os três pontos percentuais que lhe faltam nas projeções para as eleições, a 35 dias da votação.
No âmbito da F-1, Menem conta com um apoio importante: o ex-piloto Carlos Reutemann, hoje partidário do presidente e governador da Província de Santa Fé.
No autódromo, quinta-feira, Reutemann deu algumas voltas em um Ferrari.
Hoje, o piloto deve repetir o passeio. E Menem o estará saudando da tribuna de honra do autódromo, da mesma forma que Perón o fez em 1974.
Outra disputa política, porém, pode apagar o oportunismo de Menem e tomar conta da prova de hoje, a segunda do calendário 95.
Na primeira corrida, disputada no dia 26, em São Paulo, cruzou a linha de chegada em primeiro o piloto alemão Michael Schumacher, e, em segundo, o inglês David Coulthard.
Combustível
Os dois, entretanto, foram desclassificados por supostas irregularidades na gasolina, fornecida pela estatal francesa Elf.
A vitória e, consequentemente, a liderança do Mundial deste ano ficaram com o austríaco Gerhard Berger, da Ferrari, que havia chegado em terceiro.
Benetton e Williams, equipes de Schumacher e Coulthard, respectivamente, protestaram junto à FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e tentam reaver os pontos perdidos no Brasil.
A polêmica continua em Buenos Aires. A Elf anunciou que fornecerá às equipes exatamente a mesma gasolina que diz ter enviado ao GP de São Paulo.
A empresa alega que a amostra do combustível fora aprovada pela FIA antes da temporada.
O braço-de-ferro na corrida desta tarde deixará à FIA duas saídas:
Ou a entidade máxima do esporte desclassifica novamente os pilotos que se servirem da gasolina francesa ou admite o erro de fiscalização em Interlagos e reabilita Schumacher e Couthard.

NA TV
Globo, às 13h, ao vivo

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