São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Cientista questiona credibilidade do IPCC

DANIELA CHIARETTI
GERENTE DO BANCO DE DADOS

A credibilidade do IPCC, fonte oficial de dados científicos às dos governos sobre mudanças climáticas, é questionada por um dos maiores estudiosos do assunto, Richard Lindzen, professor de meteorologia do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
"O IPCC nos manda seus relatórios e pede nossos comentários", disse Lindzen, à Folha, por telefone. "Mas, depois, eles os ignoram, nos agradecem e colocam nossos nomes como revisores."
Lindzen, que nos últimos anos afirma ter produzido quarenta trabalhos sobre mudanças climáticas, prossegue com as farpas: o IPCC, segundo ele, é uma referência apenas para os ambientalistas.
Segundo ele, simulações em computadores que levam em conta variáveis tão diferentes quanto as correntes dos oceanos ou a quantidade de vapor d'água na atmosfera têm dado resultados com margem de erro muito grande.
"É de conhecimento público entre agricultores que plantas crescem mais, e mais rápido, com aumento de CO2 na atmosfera", diz. "Só que isto não é divulgado."
A questão climática, entende, é norteada por preconceitos. "Qualquer estudo que sugira que o aumento de CO2 na atmosfera pode não ser um problema, produz a seguinte reação: vocês não poderiam trabalhar mais intensamente e encontrar onde está o problema?"
Lindzen traça um paralelo. "Se eu disser que tomar café dá câncer na tireóide, serei levado a sério? E se seguir dizendo que não tenho razões? Alguém irá parar?"
É isto o que ocorre nas discussões científicas sobre clima. "Nós dizemos que os modelos, quase certamente, estão errados e nos perguntam: vocês têm certeza? A questão é que ainda não temos certeza e, talvez, o consumo de café cause câncer na tireóide."
A Convenção do Clima previu tais dúvidas. Um de seus artigos diz aos governos para avançarem nas decisões com as informações científicas disponíveis.

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