São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Partidos partidos

Vença quem vencer a eleição de hoje no Peru, um resultado já é nítido: desaparecem, como atores importantes, os partidos que fizeram a história peruana mais recente.
O Apra (Aliança Popular Revolucionária Americana), um dos mais antigos partidos latino-americanos, transformou-se em agremiação periférica depois do estrepitoso fracasso de sua gestão sob o comando de Alan García. A AP (Aliança Popular), que por duas vezes conduziu Fernando Belaunde Terry à Presidência, está na mesma situação. A IU (Izquierda Unida) cindiu-se, como é hábito na esquerda, e também perdeu o seu papel.
A política peruana se reduz a um confronto entre personalidades sem qualquer partido por trás delas. É uma disputa entre o presidente, Alberto Fujimori, e o ex-secretário-geral da ONU Javier Pérez de Cuellar. Já fora assim na eleição anterior, em 89, variando apenas um dos personagens. Fujimori disputava, então, com Mario Vargas Llosa.
O fenômeno ocorre globalmente.
A política, na maior parte do mundo, deixou de ser uma disputa entre projetos partidários claramente diferenciados e passou a ser um confronto de personalidades.
Na França, por exemplo, também neste mês de abril, os eleitores vão decidir entre as personalidades de Jacques Chirac, o prefeito de Paris, do premiê, Edouard Balladur, e de Lionel Jospin, candidato do Partido Socialista. Não há, por trás deles, projetos essencialmente distintos.
Vale o mesmo raciocínio para a Itália, país em que o sistema de partidos simplesmente implodiu.
São sintomas do agravamento da crise dos partidos e do crescente distanciamento entre eles e o eleitorado. Não é um problema simples. Até agora, não se inventou outra forma de intermediação entre Estado e sociedade que não seja a política e, nesta, os partidos são elementos teoricamente essenciais. O problema é que, na prática, tornaram-se menos essenciais. Prova-o a eleição peruana, uma situação emblemática, mas não isolada.

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