São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Servidor paulista pode ficar sem salário
FERNANDO CANZIAN
"O tamanho da folha de pessoal ficou maior do que as receitas", diz André Franco Montoro Filho, secretário de Planejamento do Estado. A situação tende a piorar nos próximos meses e só deve ser revertida, segundo Montoro, quando o Estado aprofundar os cortes de despesas e vender estatais. As despesas com salários vão subir dos R$ 800 milhões pagos em 5 de abril para, no mínimo, R$ 900 milhões em 5 de maio. Podem ir além dos R$ 900 milhões caso o Estado conceda reajuste aos servidores da educação -que estão em greve há 14 dias- e aos da saúde, que pararam hoje. Na conta de receitas, São Paulo terá em abril no máximo R$ 1,033 bilhão livres. Desse total, R$ 90 milhões estão comprometidos para despesas (custeio) da administração e R$ 900 milhões em salários. Sobram R$ 43 milhões que são insuficientes para cobrir todos os demais gastos -como o pagamento do custo mensal da dívida do Estado de US$ 50 bilhões e fornecedores-, investimentos e imprevistos. "Vamos priorizar o pagamento em abril das dívidas que tiverem custo maior", diz. O secretário não soube informar quanto será gasto nesses pagamentos. Só em educação, os salários devem crescer em mais R$ 280 milhões até o final do ano. A situação apertou este mês por dois motivos: é preciso pagar R$ 100 milhões a mais para policiais civis e militares por reajustes concedidos no governo Fleury; e terminou em março o ingresso de dinheiro do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), que rendia R$ 46 milhões ao mês desde fevereiro. "Na semana passada não havia R$ 4 milhões para pagar os fornecedores de comida das cadeias da capital", diz Montoro, secretário de um Estado que representa 45% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da riqueza de um país). A solução foi pagar parte da dívida e manter o resto atrasado, com risco de nova ameaça de corte dos fornecedores em maio. Montoro compara o Estado a um transatlântico que tenta alterar sua rota com cortes nos gastos e mudanças. "A mudança vai depender da nossa capacidade, mas o leme parece emperrado", diz. Ele cita como exemplo as 23 mil demissões feitas pelo governo estadual desde janeiro. "Foi um desgaste tremendo para uma economia inferior a R$ 30 milhões". A maior parte da receita do Estado vem da cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Em março São Paulo arrecadou R$ 1,170 bilhão com o imposto. Deste total, 15% vão para outras áreas. Os R$ 994,2 milhões restantes do ICMS somam-se a R$ 38,8 milhões de outros tributos -totalizando R$ 1,033 bihões "livres". As estatais recebem outros R$ 20 milhões de repasses federais. Texto Anterior: PL decide votar contra reforma da Previdência Próximo Texto: Metalúrgicos aprovam reajuste de 19% Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |