São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Ações de eletrodomésticos esboçam reação

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O aumento no Imposto de Importação sobre produtos eletrodomésticos começa a se refletir na criação de uma tendência de preços das ações das empresas do setor na semana passada.
Os papéis da Multibrás PN -maior fabricante da América Latina de eletrodomésticos da linha branca (geladeiras, lavadoras)- tiveram alta de 8,40%, tendo evolução superior à do índice Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que registrou alta de 7,17%.
Outros papéis como Refripar PN acusaram queda de 4,62% e Sharp PN não apresentaram alteração nos preços.
As empresas de aparelhos de uso doméstico têm pequena participação no volume de negócios em Bolsa. O índice de liquidez (que mede a facilidade para se comprar e vender as ações) das empresas do setor é ainda baixo: Continental PN (0,028%); Multibrás PN (0,145%); Refripar PN (0,412%) e Sharp PN (0,348%). Papéis mais negociados como Telebrás PN possuem índice de liquidez de 26,099% (dados de março de 95).
Armando de Toledo, diretor da corretora Magliano e Thelmo Moura, da corretora Fair, dizem que as ações do setor são indicadas para compra, pois as empresas devem aumentar a produção com a queda nas importações. A Itautec Philco comemora, por exemplo, recorde de produção de televisores em 94.
A Sharp apurou lucro de R$ 29,5 milhões em 94, contra prejuízo de R$ 64,8 milhões em 93.
O empresário Hugo Etchenique, da Multibrás (marcas Brastemp, Consul e Semer), diz que o ano de 1994 foi "muito positivo", pois a empresa estimulou as controladas no aprimoramento tecnológico, desenvolvimento de novos produtos e expansão de exportações.
O aumento no custo das importações acelera os projetos de empresas que pretendiam se instalar no país. João Zangrandi, diretor da empresa italiana Polti, diz que está adquirindo 16 mil metros quadrados de terreno em Indaiatuba (SP) para construção de uma fábrica.
A empresa coreana de eletrodomésticos Samsung investe US$ 32 milhões para a construção de fábrica em Manaus (AM). A companhia Goldstar realiza associações com empresas nacionais para fabricar seus produtos no Brasil. A Cougar investe US$ 17 milhões em sua fábrica em Manaus para aumentar a produção brasileira e reduzir as importações.
Nivaldo Chiossi Junior, gerente da Supplier, distribuidora GE, diz que a empresa não repassou de imediato o aumento no percentual de Imposto de Importação que passou de 20% para 70%.
Leonardo Carbone, da Chips do Brasil, diz que a empresa diversifica sua produção do videogame para áudio e telecomunicações. A Pioneer com 32 fábricas revê suas fontes de fornecimento do Japão para países mais próximos, por causa do custo de importação.
Jair Saponari, diretor da Feira de Utilidades Domésticas, em São Paulo, diz que o aumento do Imposto de Importação afetou pouco a feira, pois dos 1.200 lançamentos de produtos de 400 empresas, apenas 8% são importados.

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