São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Anúncios e recrutamento

HELCIO EMERICH

Foi a própria FTC (Federal Trade Comission, órgão que regulamenta as práticas comerciais nos EUA) que incentivou os anunciantes americanos, a partir da década de 70, a citar seus concorrentes na propaganda, o que deu origem a uma escalada da publicidade comparativa naquele país.
A veiculação de campanhas estabelecendo comparações diretas entre marcas e produtos tornou-se uma estratégia comum entre empresas que pretendem atrair consumidores dos concorrentes, para manter ou ampliar a participação de mercado. Ou então, como recurso para posicionar rapidamente uma marca nova frente a competidores com tradição no mercado.
A mesma tendência está influenciando agora um outro segmento da propaganda americana: o dos anúncios para o recrutamento de empregados e executivos.
Até o final dos anos 80, as coisas nos EUA não eram muito diferentes do que ocorre hoje no Brasil: os anunciantes deixavam a redação dos seus classificados por conta dos escritórios de head hunters ou das suas próprias áreas de recursos humanos.
Mas a propaganda evolui sempre e os anúncios para caçar executivos e empregados qualificados estão ganhando uma nova técnica.
Se em essência eles cumprem objetivos que têm alguns pontos em comum com as mensagens de vendas (posicionar a empresa no seu mercado), descobriu-se que, na forma e no conteúdo a mensagem precisa sensibilizar o "consumidor" -o potencial candidato a um cargo- com argumentos que atendem às suas motivações racionais e emocionais.
Para tanto, a comparação com empresas concorrentes surge como uma estratégia considerada legítima desde que os argumentos utilizados nos anúncios não resvalem para a generalização.
Na busca de melhores resultados para os anúncios de recrutamento, algumas corporações chegam ao extremo do "two-sided appeal", revelando até eventuais dificuldades da companhia ou problemas que o candidato poderá encontrar no desempenho do cargo que está sendo oferecido.
A idéia é que, assim agindo, o candidato possa ver a empresa como um local de trabalho mais honesto e confiável.
Um estudioso dos anúncios de recrutamento publicados nos últimos anos na América, William T. Neese -professor de marketing e comunicação da Universidade de Arkansas- vai ao ponto de concluir que a maior ou menor eficiência dos anúncios de "help wanted" está diretamente relacionada com o número e a credibilidade das comparações favoráveis que o anunciante puder estabelecer com empresas concorrentes.

Texto Anterior: O publicitário do ano
Próximo Texto: Mercado caminha no rumo de produtos personalizados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.