São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Como os empresários vêem o Mercosul

Antonio Ermírio de Moraes, grupo Votorantim: "O barco do Mercosul não vai à pique por causa da crise mexicana mas vai enfrentar um mar violento este ano. Mau tempo a vista. Com ou sem Mercosul, o grupo Votorantim vai continuar investindo US$ 300 milhões por ano no país para criar mais empregos e melhorar as condições de produtividade porque o Brasil é, de fato, o grande mercado do Mercosul. O Mercosul é uma tentativa de permitir uma entrada melhor do Brasil e Argentina no Nafta. Vai chegar um dia que os EUA colocarão sua força política no continente para criar um mercado comum das Américas. Tenho esperança de que um dia o Mercosul possa resultar nisso."

Roberto Teixeira da Costa, presidente do capítulo brasileiro do Conselho de Empresários da América Latina: "A crise mexicana acaba favorecendo o Mercosul como um bloco comercial porque as transações dentro do Mercosul não foram afetadas pelas medidas recentes tomadas seja pela Argentina seja pelo Brasil".

Paulo Cunha, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial: "O Mercosul é uma iniciativa importante para Brasil e Argentina porque são os principais mercados da região e os que mais têm a ganhar com esse processo, principalmente com a complementação de seus mercados consumidores e parques produtivos. Haverá, de certo, muita turbulência na rota para o desenvolvimento do Mercosul. As vicissitudes das economias da Argentina e do Brasil, os estágios diferentes em que estão do ponto de vista de estabilização mostram que já se avançou muito quando se sabe que o comércio bilateral entre Brasil e Argentina já alcança US$ 10 bilhões. Mas o desenvolvimento em nenhum momento é uma pista asfaltada."

Paulo Villares, presidente do grupo Villares: "Brasil e Argentina desenvolvem esforços brutais em busca da estabilização econômica que é fundamental para o crescimento do Mercosul. A Argentina se debate com a crise pós-México, lutando para não desvalorizar sua moeda através da redução dos custos internos. O Brasil busca a estabilização econômica para manter o Plano Real vivo. É necessário que os dois países tenham estabilidade econômica para fortalecer o Mercosul.

Werner Karl Ross, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, de São Paulo: "Os reflexos da crise mexicana na Argentina e Brasil criaram um clima de compreensão entre os empresários. Não achamos que o barco do Mercosul corre risco de ir à pique por causa da crise. Ele ainda está em teste e tem chances de ser aprovado para navegar em qualquer tipo de mar."

Edson Vaz Musa, presidente da Rhodia: "O barco do Mercosul não vai à pique por causa da crise mexicana. O Mercosul é uma realidade que passou do ponto de retorno. De qualquer forma, o desenvolvimento do Mercosul depende da estabilidade política, econômica e social do Brasil e da Argentina. Sem isso é muito difícil fazer um mercado comum.

Henrique de Campos Meirelles, presidente da Câmara Americana de Comércio, de São Paulo: "As economias do Brasil e da Argentina estão passando por momentos difíceis. Para o sucesso do Mercosul é preciso a estabilidade econômica no Brasil e Argentina. A velocidade da integração no Mercosul vai diminuir como reflexo da crise mexicana. Não é necessariamente um motivo de alegria, mas pelo menos dá mais solidez ao processo de integração."

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