São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Nova ordem

Nova ordem
CIDA SANTOS
A vitória da Frangosul inaugura uma

CIDA SANTOS

A vitória da Frangosul inaugura uma nova ordem no vôlei brasileiro. O time gaúcho interrompeu o reinado de Suzano, que iria completar três temporadas de títulos seguidos. Por ironia, coube ao atacante Paulinho -bicampeão no ano passado com o Suzano- dar o golpe de misericórdia no seu ex-time. Foi dele o saque que caiu sem defesa no último set na quadra de Suzano e fechou o jogo.
O novo campeão tem o sotaque cantado do Sul do país, um técnico que aboliu a concentração, um levantador nota dez e o capitão Carlão, que chorou feito criança com o troféu na mão.
Além da técnica e tática, um time campeão muitas vezes também tem uma série de razões individuais para chegar ao título.
Um exemplo: o levantador Paulo Roese, que desequilibrou os jogos nestas finais. A virada na sua vida aconteceu há duas temporadas. Depois de romper os ligamentos do tornozelo e ficar seis meses sem jogar, Roese redescobriu que o que desejava mesmo fazer da vida era jogar vôlei.
As dúvidas, que apareciam nos quilos extras que exibia em quadra, sumiram. Reduziu os 89 kg para 82 kg e deu um show na Superliga. Ficou em segundo lugar no ranking dos levantadores, atrás apenas de Maurício. Merecia até uma nova convocação na seleção.
Quem assistiu ao jogo de sábado dificilmente vai esquecer de duas imagens. Uma delas é a de Carlão, que torceu o tornozelo direito logo no início do primeiro set. Já com problema também no joelho direito, ele resistiu às dores e jogou quase os três sets mancando em quadra. Carlão saltava, corria atrás da bola, fazia coisas impossíveis, alternando expressões de dor e felicidade.
A outra imagem foi a de uma das garotas encarregadas de catar as bolas do jogo. Nos dois últimos sets, ela não resistiu. De pé, em um dos cantos da quadra, chorava sem parar e enxugava os olhos com as toalhas reservadas para secar as bolas. Era a imagem fiel do torcedor de Suzano.
Já o técnico Ricardo Navajas surpreendeu os jogadores. Sempre rígido, depois do jogo parecia calmo e não distribuiu suas habituais broncas. Nas entrevistas, falou em abolir os três treinos diários do time e repensar conceitos como o longo período de concentração.
Tempos de abertura em Suzano.
No seu estilo, Navajas também disse que não gosta de perder. E foi além: "Para mim, dez minutos atrás já são passado".
Então, bola pra frente.

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