São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Direção deve calibrar nuances

DA REPORTAGEM LOCAL

O texto da peça de Albee é muito poético, apesar do realismo agudo das falas. Isso quer dizer que é difícil de encenar.
Há diversas nuances de expressão; logo, podem ser dadas ênfases variadas a frases e situações.
José Possi Neto e as três atrizes decidiram trabalhar em sintonia fina e não exagerar nas cenas de impacto, gestual ou verbal.
Com isso, optam pelo estilo da montagem inglesa, em que Maggie Smith, como A, buscou o impacto na elocução exata. A montagem americana, com Myra Carter, foi mais próxima do Albee de "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?", opressiva, nervosa.
Mas "Três Mulheres Altas" é a melhor peça de Albee desde "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" não só pelo conteúdo das falas, mas também porque, numa costura modernista, seu desenvolvimento não é linear.
Logo, é preciso clareza para não sufocar a complexidade. Em favor disso, a montagem tem a ótima tradução de Maria Adelaide Amaral, a que a Folha teve acesso exclusivo (leia trechos ao lado). As falas são econômicas e intensas como no original.
No segundo ato, quando se revela a verdadeira relação das três mulheres e um certo filho (representado por Marcos Pecci), o texto ganha mais imprecisão; realidade e memória se cruzam constantemente -e a tradução não deixa cair a peteca verbal.
Boas atrizes e bom texto, porém, não fazem o espetáculo, que pode cair no monótono ou parecer obscuro. A conferir. (DP)

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