São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
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Gado europeu amplia espaço no Paraná

SEBASTIÃO NASCIMENTO
ENVIADO ESPECIAL A LONDRINA

A exposição agropecuária de Londrina, no norte do Paraná, uma das mais antigas do país, está mudando de perfil.
Raças européias de corte como limousin, marchigiana e simental, dividem o espaço nos galpões com o gado zebuíno originário da Índia, como nelore, gir e guzerá.
Em sua 35ª edição, encerrada no último domingo, os números comprovam: limousin, marchigiana e simental, com maior participação pelo lado das raças européias, totalizaram 734 cabeças.
Já nelore, gir e guzerá, as principais zebuínas presentes, ocuparam 564 argolas.
"O cruzamento industrial fez as raças de origem européias crescerem muito nos últimos anos na região", afirma Fábio Pedriali, vice-presidente do núcleo de criadores de marchigiana de Londrina.
Esses cruzamentos permitem que o gado zebu (mais resistente) seja cruzado com o gado europeu (menos resistente, mas melhor produtor de carne).
O objetivo é produzir animais para abate com idade entre dois e três anos. É comum o garrote ir para o açougue com quatro anos ou mais no país.
Pedriali acredita que os cruzamentos chegaram para ficar. "Não existem motivos para se criar somente animais puros. Para se ganhar dinheiro na pecuária de corte o cruzamento é necessário".
O fazendeiro José Carlos Tibúrcio, presidente da Sociedade Rural do Paraná, concorda a respeito do crescimento do gado europeu.
"Os melhores criadores estão em Londrina. Era natural que isto se refletisse na feira".
Ele ressalva, porém, que a genética do nelore na região é forte e está quase consolidada, enquanto a do gado europeu está sendo aprimorada agora.
Nos leilões, a mudança de rumo também foi sentida, com o gado europeu superando o zebu na quantidade de animais ofertados.
Em termos de média por animal ganhou o simental, ao conseguir R$ 4.200 por 47 fêmeas.
Na sequência, aparecem os leilões das raças blond'aquitaine, limousin e marchigiana, todos com médias superiores a R$ 3.300.
Entre os zebuínos, a melhor média foi para o nelore. O pregão Nelore Extra vendeu 48 lotes por R$ 3.045.
O faturamento dos 28 leilões da exposição alcançou R$ 2,4 milhões (US$ 2,7 milhões), com a venda de 4.878 animais.
Se na pecuária o movimento da feira foi bom, na área da agricultura as coisas não andaram bem.
Havia somente cinco estandes de indústrias de máquinas agrícolas no parque e poucos negócios foram feitos.
"A TR (taxa referencial) e os juros inviabilizaram as compras. Sem entusiasmo, médios e grandes produtores preferiram a cautela e não investiram em máquinas e implementos este ano", explica Tibúrcio.
Mas as vendas de carros importados não decepcionaram. Os compradores foram principalmente pecuaristas e empresários da região.
Em Londrina, as revendedoras de carros importados ocuparam dez estandes do parque, contra cinco de automóveis nacionais.
As vendas de carros importados totalizaram R$ 4,5 milhões, sendo R$ 2 milhões em negócios no próprio parque (54 veículos) e R$ 2,5 milhões que devem ser fechados esta semana.
"O governo subiu a alíquota dos importados para 70% e reiniciou a temporada de sustos na economia. Mesmo assim, vendemos muito bem", diz Wellinton Bachi, diretor da Montreal de Londrina, que obteve receita superior a US$ 500 mil.

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