São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
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Advogados do tráfico querem ação federal

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de advogados de traficantes procurados pela Operação Rio 2 se reúne hoje no Rio para discutir apresentação ao STF (Supremo Tribunal Federal) de pedido de intervenção federal no Estado.
Para os advogados, ao pedir ajuda da União no combate à violência, o governo estadual demonstrou ser incapaz de garantir a segurança da população.
"O Estado mostrou fraqueza e impotência ao recorrer ao governo federal. Ele é o responsável pela segurança pública em sua área territorial", disse à Folha o advogado criminalista Luiz da Rocha Bráz, 58, para quem a "função do Exército é defender o país e não cercar favela".
Bráz tinha como cliente o traficante Flávio Pires da Silva, o Flávio Negão, morto pela polícia em Vigário Geral (zona norte do Rio) na 1ª fase da Operação Rio.
Com a morte do líder assumido do tráfico na favela, Bráz passou a defender supostos comparsas de Flávio Negão, como Sandro e Ulisses, este, segundo a polícia, o novo "chefão" da área. O advogado também trabalha para a família de Flávio Negão.
Bráz reúne hoje no Rio cerca de 15 advogados criminalistas que apóiam a idéia de recorrer ao STF contra a Operação Rio 2. De acordo com ele, a intervenção federal deverá ser pedida através de mandado de segurança.
No encontro, também serão discutidos procedimentos policiais que, acusam os advogados, são comuns nas prisões do Rio.
"Os presos são espancados. Mesmo com laudos constatando os ferimentos, os processos não dão em nada", disse Bráz.
Outro assunto debatido será a forma como as prisões ocorreram nas ações militares em favelas.
"A lei diz que o preso deve ser levado para a delegacia da área ou, se flagrado com tóxico, para a Divisão de Entorpecentes. Isto não ocorre. Eles ocultam o preso e não dão informações aos advogados. A defesa é um direito constitucional", afirmou Bráz.
O grupo de criminalistas planeja criar a Associação de Defesa dos Direitos dos Advogados, que terá a função de denunciar irregularidades praticadas contra os presos e seus defensores.
"Não estamos tomando posição favorável ao crime, mas à maneira como Exército e Secretaria de Segurança têm atuado", disse.

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