São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
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Bancada evangélica troca voto a favor da reforma por isenção fiscal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os evangélicos ligados à Igreja Assembléia de Deus cobraram ontem do presidente Fernando Henrique Cardoso uma posição pública contra a tributação (cobrança de impostos) das instituições religiosas em troca de votos a favor das reformas constitucionais.
Os evangélicos estão representados no Congresso por 31 deputados federais e cinco senadores, segundo o presidente da Assembléia de Deus, pastor Manoel Ferreira.
Ferreira, 12 pastores e seis deputados (PP, PTB, PMDB e PSDB) foram recebidos ontem por FHC em audiência que durou cerca de uma hora.
Os evangélicos temem a aprovação de proposta de emenda constitucional do deputado Eduardo Jorge (PT-SP) que acaba com a isenção tributária das igrejas, assegurada hoje pelo artigo 150 da Constituição.
Os pastores exigiram que FHC se pronuncie contra esta emenda. Segundo Teixeira, o presidente prometeu um pronunciamento.
Membros da equipe de FHC já se posicionaram contra a isenção de que gozam as igrejas. Na proposta de reforma da Previdência que enviou ao Congresso, o governo propõe, por exemplo, que entidades beneficentes passem a pagar o imposto previdenciário, o que não fazem hoje.
Indagado se o voto da bancada evangélica a favor das propostas do governo está condicionado a um posicionamento público de FHC, o deputado Valdenor Guedes (PP-AP) disse que a falta de apoio do presidente à manutenção do dispositivo constitucional "será uma política de má vizinhança".
A maior preocupação dos evangélicos é a cobrança do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), de âmbito municipal.
Segundo Ferreira, as igrejas "estão no vermelho" (operando com prejuízo financeiro).
Ele disse representar 38 milhões de brasileiros que seriam seguidores dessa religião. Ele considerou FHC "um homem com profundo sentimento religioso e de família". Valdenor Guedes prometeu presenteá-lo com uma Bíblia.

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