São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
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Japão prepara pacote para salvar o iene

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A sensação de que não há limite a vista para a valorização do iene em relação ao dólar levou o governo japonês a preparar um pacote de medidas de emergência para sustentar sua moeda.
O dólar chegou a bater novo recorde de baixa do pós-guerra nos mercados asiáticos e foi cotado em 80,15 ienes. O Banco do Japão teve de intervir comprando a divisa americana. Na direção oposta estavam os fundos de pensão americanos e europeus, adquirindo ienes. Em Tóquio, a cotação final foi de 82,67 ienes por dólar.
A nova valorização do iene alarmou o primeiro-ministro japonês, Tomiichi Murayama. Ele pediu ao governo que prepare até sexta-feira um pacote de medidas para sustentar a moeda e garantir a recuperação da economia.
Masayochi Takemura, ministro das Finanças, foi mais longe e chegou a colocar em dúvida a manutenção dos sistemas de livre flutuação cambial em vigor nos países desenvolvidos.
Economistas japoneses calculam que com uma cotação de 80 a 85 ienes por dólar a recuperação econômica do país será abortada. Ontem mesmo a Merril Lynch baixou sua previsão de 3% para 2,2% do crescimento do Produto Interno Bruto do Japão. Segundo a corretora, para cada 10% de valorização da moeda japonesa retira 0,8% do potencial de expansão do PIB.
Takemura atribui a tempestade contra o iene ao governo dos EUA. "Quero que os EUA se sintam responsáveis e que deixem claro sua posição de defesa do dólar", disse. O Banco Central dos EUA (Federal Reserve), porém, já deixou claro que não estuda de imediato novo aumento das taxas de juros para segurar o dólar.
Rudiger Dornbusch, economista do MIT (Massachusetts Institute of Technology) afirma que a hora da ação está com o lado japonês. "O iene tem um problema", comentou. "A solução está com Tóquio: baixar as taxas de juros a zero para acabar com a recessão".
O Banco Central do Japão vem resistindo a reduzir os juros de 1,75% ao ano, os mais baixos de toda a história do país.
O sub-secretário do Tesouro americano, Lawrence Summers, disse que os Estados Unidos estão "dispostos a cooperar nos mercados de câmbio" em conjunto com os países do G7 (formado pelos sete maiores países industrializados do mundo).

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