São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995 |
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Quebra estatal mexicana de transportes
FLAVIO CASTELLOTTI
A "Ruta 100" era administrada por funcionários da prefeitura em conjunto com o sindicato de trabalhadores do setor. A polícia prendeu cinco membros do sindicato que faziam parte da cúpula administrativa. Eles são acusados de desviar cerca de US$ 1,5 milhão (o equivalente a R$ 1,34 milhão). Há rumores de que o dinheiro teria sido usado para financiar a compra de armas pelo EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional, movimento guerrilheiro mexicano que atua no Estado de Chiapas, no sul do país). Calcula-se que 72,3% dos custos da "Ruta 100" eram subsidiados pelo governo municipal. Isto é, o governo cobria a diferença entre o arrecadado pela empresa e o custo para a manutenção de suas atividades. Segundo o secretário de Administração, Jesús Salazar Toledano, "o governo municipal já não podia mais manter tal situação". A empresa empregava 14 mil trabalhadores e transportava 2,8 milhões de passageiros por dia (12% do total de viagens do transporte público na capital). Salazar Toledano disse que a empresa já estava com problemas de liquidez (escassez de dinheiro em caixa) há vários anos. Salazar classificou a administração de "caótica". Em sua opinião, havia excesso de pessoal e total falta de planejamento. Reconheceu também a existência de corrupção, praticada, segundo ele, "com o conhecimento tanto de funcionários públicos como de membros do sindicato que participavam da administração". Deputados do oposicionista PRD (Partido Revolucionário Democrático) acusaram o governo da capital de promover a falência da Ruta 100 para poder privatizá-la. O presidente da empresa, Fernando Ramírez de Aguilar, não quis se pronunciar sobre a declaração de falência. Para tentar evitar o caos no sistema de transportes da cidade, a prefeitura montou para esta semana um esquema de emergência gratuito com ônibus particulares. A Secretaria de Transportes ainda não deu como certa a privatização da "Ruta 100". Garantiu, contudo, que as tarifas não vão subir. A "Ruta 100" cobrava US$ 0,06 pela passagem de ônibus, enquanto as empresas privadas que operam o principal meio de transporte público da cidade -os microônibus- cobram US$ 0,15. Ontem pela manhã, foi encontrado morto em sua casa o secretário de Transportes da Cidade do México, Luis Miguel Moreno. A polícia suspeita que ele tenha se suicidado, devido a um possível envolvimento nas fraudes. Texto Anterior: Banco argentino dá calote e é suspenso Próximo Texto: Pequeno banco eleva capital e atende BC Índice |
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