São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995 |
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Galeria São Paulo expõe obras de Celso Renato
DANIEL PIZA
Sinopse: 31 pinturas sobre madeira Onde: Galeria São Paulo (r. Estados Unidos, 1456, tel. 011/852-8855, Jardins, zona sul de São Paulo) Quando: abertura hoje, às 21h; até 8 de maio Visitação: de segunda a domingo, das 10h às 22h Quanto: de R$ 3.500 a R$ 13 mil (cada obra) A pintura de Celso Renato (1919-1992), de que a Galeria São Paulo exibe a partir de hoje 31 obras, se baseia -como boa parte da pintura recente- na textura, no aspecto físico da superfície. Esse é ora seu mérito, ora seu defeito. Renato pegava pranchas de madeira e, de acordo com suas ranhuras, cabeças de prego e manchas, pintava formas geométricas sobre elas, usando especialmente o branco, o preto e o vermelho. Com isso, as obras fazem um contraponto entre formas naturais, orgânicas (as da madeira), e formas mais definidas, racionais (as pintadas por Renato). Esse contraponto é fundamental na pintura contemporânea porque faz uma síntese entre duas vertentes do modernismo -o construtivismo (arte de estruturas rígidas) e o informalismo (arte de composição mais livre, intuitiva, em que o pintor não segue desenho prévio). O uso por Renato da madeira e de figuras geométricas em sequência, com cores alternadas, lembra o trabalho do artista uruguaio Joaquín Torres García (1874-1949), que o público brasileiro conheceu na última Bienal Internacional de São Paulo, no final de 1994. Torres-García, no entanto, além da textura, apostava no uso de símbolos universais (relógios, homens, cruzes, números). Colocava-os sequenciados, em pequenos planos; a sucessão destes criava a sensação de ritmo. E os símbolos davam uma carga de referências culturais à obra. No trabalho de Renato, o ritmo também é fundamental -e as melhores obras na exposição são as que dão ilusão de movimento e as que têm um vermelho vibrante. Já a ausência de símbolos claros é compensada apenas parcialmente pelo uso ostensivo da madeira. A textura das obras remete a um universo pobre, tosco e sem cor -sem vida- de cidades grandes, de suas favelas e construções. Mas o referencial é meio distante, obscuro. Portanto, quanto mais viva a organização das cores, melhor. Isso ocorre em pelo menos seis das 31 obras. Uma exposição com menos peças teria sido melhor, mas vale a pena ver. Texto Anterior: Bienal do Whitney merece visita rápida Próximo Texto: Strina reúne fotos de Miguel Rio Branco Índice |
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