São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
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Semana Santa não faz milagre

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Convém, por hoje, não esperar nenhum milagre dos filmes programados. Inclusive (ou sobretudo) de "Maria e José: Uma História de Fé" (SBT, 1h50).
Mas, por isso mesmo, vem ao caso lembrar algumas infâmias cometidas pelas emissoras na programação de filmes. Uma delas, menor, é retirar do arquivo, cada vez que se aproxima a Semana Santa, toda a tropa de choque do Antigo Testamento: Davi, Saul, Esther, Moisés e outros remotos ascendentes de Cristo.
Não têm relação tão mais íntima com a Semana Santa do que, digamos, "Guerreiro Americano 3" (Globo, 16h). Maria e José também têm um pouco mais a ver com o peixe. Embora sua história se preste mais a comemorar a Imaculada Conceição ou, em último caso, o Natal, vá lá que seja.
O fato é que, à parte algumas histórias de conversão que motivam superespetáculos sadomasoquistas (tipo "O Manto Sagrado") e algumas versões da vida de Jesus Cristo, o cristianismo é um veio subexplorado pelo cinema.
Não há por que esperar milagres da TV. Ela podia muito bem exibir o "Je Vous Salue, Marie", de Godard, ou "A Última Tentação de Cristo", de Martin Scorsese, mas continua optando pelo nada. Pode-se pedir, porém, que cesse algumas práticas, como a de mutilar filmes. A CNT é que a tem desenvolvido nas últimas semanas, exibindo filmes de mais ou menos três horas entre 20h e 22h (sem contar os anúncios).
Trata-se de um dispensável prodígio de síntese. Não se precisa pedir genialidade aos programadores, mas daria para conferir pelo menos a ficha técnica e ver se a duração do filme se encaixa no horário que têm à sua disposição.
(IA)

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