São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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Brasil atrai empresas de telecomunicações

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das maiores batalhas na guerra global das telecomunicações vem sendo travada no Brasil, maior mercado da América Latina. O país tem 150 milhões de habitantes e apenas 11 milhões de linhas telefônicas.
A guerra entre as sete grandes fabricantes mundiais -AT&T, Ericsson, Alcatel, Siemens, NEC, Motorola e Northern Telecom- começou há apenas três anos, e mesmo assim já provocou redução de 50% no preço dos telefones no Brasil.
É preciso instalar dez milhões de linhas no país, e o sistema de transmissão de dados precisa ser duplicado, o que exige investimento de US$ 20 bilhões.
Há um mercado inexplorado para TV a cabo, estimado em seis milhões de usuários, mas o maior negócio em implantação é o de telefones celulares. Há 450 mil pessoas à espera de sua linha na cidade de São Paulo.
O governo dá os primeiros passos para quebrar o monopólio estatal nas telecomunicações, aceitando projetos que promovam aumento da rede, por meio de sociedades entre empresas privadas e estatais. O Ministério das Comunicações prevê investimento de US$ 7 bilhões neste ano e nos dois seguintes.
A disputa entre as multinacionais começou em 90, quando o governo brasileiro abriu o mercado de equipamentos a empresas estrangeiras -por 12 anos, Ericsson, NEC e Siemens haviam sido as únicas fornecedoras para a estatal do setor de telefonia. Ao mesmo tempo, a AT&T decidia expandir suas atividades fora dos EUA e lutar por 20% do mercado latino-americano.
A Alcatel foi a primeira multinacional a chegar ao Brasil depois da abertura do mercado, construindo fábrica de US$ 100 milhões. Motorola, AT&T e Northern Telecom abriram subsidiárias no Brasil e se associaram a fabricantes locais.
A corrida pelo mercado começou pelos celulares. Em 90, a NEC instalou um sistema de celulares na cidade do Rio de Janeiro, ao preço de US$ 6.300 por assinante. Menos de um ano depois, a Northern Telecom implantou sistema em Brasília, a US$ 4.300 por assinante. Na concorrência pelo mercado de São Paulo, em 92, a NEC baixou o custo para US$ 1.246 por linha e envolveu a Ericsson em disputa judicial que durou seis meses.
O auge da disputa entre as empresas ocorreu em relação às centrais de telefonia. Até 90, as centrais eram vendidas no Brasil a US$ 630 por terminal instalado. Em 93, os preços estavam em US$ 320 por linha.

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