São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995 |
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Igreja Universal adota marketing social
CLÁUDIA TREVISAN
A campanha atinge seu ponto alto nesta semana, com dois megaeventos para coletar alimentos. O primeiro foi ontem, em Taguatinga, cidade satélite de Brasília (veja reportagem ao lado). Hoje, é a vez de São Paulo. Macedo pretende levar 300 mil pessoas ao Vale do Anhangabaú. Entre elas, o governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), que teve apoio da Universal em sua eleição. Os dirigentes estimam arrecadar 700 toneladas de alimentos. A próxima coleta será sexta-feira, nos estádios do Maracanã e Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. O governador Marcello Alencar (PSDB), que também teve apoio de Macedo, é aguardado. A Universal é uma igreja evangélica que se opõe a todas as crenças não-evangélicas, especialmente à Igreja Católica e aos rituais de origem africana, como a umbanda e o candomblé. Amparados em uma leitura estrita da Bíblia, os fiéis negam qualquer espécie de veneração aos símbolos dos católicos. Seus templos são limpos de santos. A responsável pela campanha contra a fome é a ABC (Associação Beneficente Cristã), presidida pelo pastor Ronaldo Didini. Criada em setembro do ano passado, a entidade desenvolve uma espécie de "catequese social". Segundo Didini, desde o final de 94, a campanha distribuiu 3.000 toneladas de alimentos. O movimento tem uma poderosa estrutura de arrecadação de alimentos e divulgação de suas atividades. Os maiores contribuintes são os cerca de seis milhões de seguidores de Macedo no Brasil. Os principais pontos de coleta são as próprias igrejas -há aproximadamente 1.500 no Brasil. Proprietária da Rede Record, a Universal valoriza como poucas igrejas os meios de comunicação. A ABC criou uma revista só para noticiar sua atuação, a "Mão Amiga", que já teve dois números. Ela é colorida e impressa em papel tipo cuchê, que é liso, brilhante e mais caro que o usado em jornal. Os eventos são gravados por equipes da Record e exibidos todas as quartas-feiras no programa "25ª Hora". O "Brasil 2000" tem ainda o apoio da "Folha Universal", publicação oficial da igreja com 500 mil a 700 mil exemplares semanais, e de várias rádios ligadas à Universal (veja texto abaixo). A ABC começou a distribuir alimentos no final de novembro. Desde então, fez doações a orfanatos, asilos, moradores de rua e entidades que cuidam de deficientes e crianças excepcionais. Também realizou eventos em favelas. Nesses, há um kit, que incluiu shows, consultas médicas e odontológicas, fotos gratuitas para documentos e o que o pastor Didini chama de "trabalho espiritual". As atividades são acompanhadas por obreiros (trabalhadores). No final, eles conversam com os moradores que estiverem interessados, ouvem seus problemas, falam da Bíblia e dão o endereço mais próximo da Igreja Universal. Igreja Católica Com sua campanha contra a fome, Macedo entra em uma área em que era marcante a presença da Igreja Católica, extremamente combatida pela Universal. A Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida, idealizada por Herbert de Souza, o Betinho, tinha as igrejas católicas como um de seus principais pontos de distribuição de alimentos. Através de sua assessoria, Betinho disse desconhecer a campanha. E mandou dizer o seguinte: "O bispo Edir Macedo é uma pessoa controversa". Texto Anterior: FRASES Próximo Texto: Culto reúne 40 mil em estádio de Taguatinga Índice |
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