São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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Maluf retém R$ 97 mi da saúde

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O montante de dinheiro da prefeitura de São Paulo destinado a ser aplicado na melhoria do atendimento à saúde e que está guardado no banco chega a R$ 97 milhões. É o que demonstra o extrato do mês passado da conta do Fundes (Fundo Municipal de Saúde), obtido pela Folha.
Esse dinheiro seria suficiente para construir, por exemplo, cinco hospitais semelhantes ao Instituto do Fígado, que está planejado para ter 280 leitos e equipamentos de última geração.
Seria suficiente ainda para pagar 6,4 milhões de consultas pelo sistema de empresas de seguro saúde. Elas pagam para os médicos, em média, R$ 15,00 por paciente atendido em consulta.
O dinheiro da conta Fundes é repassado pelo governo federal como ressarcimento de gastos com saúde feitos pelos municípios. Os repasses são feitos por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).
A Folha noticiou em 28 de novembro do ano passado que a conta Fundes já tinha acumulado R$ 40 milhões. Em 94, até esta data, a prefeitura só tinha gasto R$ 5,1 milhões desta verba.
Desde o ano passado, o Ministério da Saúde está realizando uma auditoria na Secretaria Municipal de Saúde para investigar o não aproveitamento das verbas do SUS repassadas pelo governo federal.
A auditoria foi solicitada pelo Ministério Público Federal, que acatou representação do deputado federal Eduardo Jorge (PT), ex-secretário de Saúde do governo Erundina.
O deputado solicitou no ofício ao Ministério Público que a prefeitura seja "compelida" a aplicar os recursos porque a população de São Paulo está sendo "ilegalmente privada da eficiente prestação de serviços de saúde".
O primeiro relatório da auditoria revelou má conservação e falta de remédios em vários hospitais da rede municipal.
A utilização do dinheiro da conta Fundes é fiscalizada pelo governo federal.
Ele se destina exclusivamente à ampliação e reformas dos prédios das unidades de saúde, aquisição de materiais de consumo, despesas necessárias em casos de urgência, como epidemias, e execução de programas e projetos de melhoria do sistema.
Baseado nesse último item, o secretário municipal da Saúde, Getúlio Hanashiro, repassou no mês passado R$ 5 milhões para o PAS (Plano de Assistência à Saúde), que passará a gestão das unidades de saúde municipais para cooperativas de médicos.
Cada liberação de verbas da conta Fundes tem que ser aprovada pelo Conselho de Orientação do Fundes. Ele é formado por representantes do Conselho Municipal de Saúde, da Câmara, dos servidores públicos, e de secretarias municipais.
Para o vereador Adriano Diogo, membro da Comissão de Saúde da Câmara, a prefeitura deixa o dinheiro do Fundes no banco para "fazer caixa".
Segundo Diogo, a prefeitura apresenta essa verba como garantia na solicitação de empréstimos.

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