São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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Livro traz admiração de Rilke

ZECA CAMARGO
EDITOR DA ILUSTRADA

Livro: Rodin
Autor: Rainer Maria Rilke
Tradução: Daniela Caldas
Lançamento: maio/95

"A luz que toca uma destas obras não é mais qualquer luz", escreve o poeta Rainer Maria Rikle (1875-1926) num apaixonado ensaio sobre Rodin, a ser lançado no Brasil. Ele continua: "... ela (a luz) não tem mais oscilações acidentais, o objeto toma posse dela e a usa como algo próprio".
Este texto está na segunda parte de "Rodin", que sai no mês que vem pela Relume Dumará -uma emocionada prova da grande admiração de Rilke pelo escultor.
O primeiro encontro entre os dois artistas aconteceu em Meudon, nos arredores de Paris, onde ficava o ateliê de Rodin. O ano era 1902 e a viagem de Rilke tinha um um caráter profissional: ele foi a Paris conhecer Rodin a pedido de um editor alemão. A fascinação foi imediata e de efeito prolongado.
Tanto que, três anos mais tarde, Rilke retornaria a Meudon, desta vez para se oferecer como secretário pessoal de Rodin.
A devoção de Rilke está registrada nesse livro, que, falando de Rodin, fala também da beleza -algo que, segundo o poeta, sempre "aparece vindo em nossa direção sem que saibamos o que é".
Mas, além das reflexões mais abstratas de Rilke, os textos reunidos no livro dão boas descrições da atmosfera que rodeava a criação do escultor (especialmente no que diz respeito à natureza e à vida no campo). E Rilke oferece ainda, por meio de observações soltas, um curioso retrato do artista.
"Além de tudo Rodin é calado como todos os que trabalham com as mãos", diz uma dessas passagens. Ou ainda: "Sua masculinidade é sem dureza em toda sua obstinação, de modo que até mesmo um amigo de Rodin, a quem ele visitou ao entardecer, pôde escrever: 'Quando ele se vai, resta algo terno, no crepúsculo do quarto, como se uma mulher tivesse estado lá' ".
Uma visita a qualquer exposição sobre Rodin -como essa que está vindo ao Brasil- é suficiente para entender o entusiasmo de Rilke. Se a simples apreciação das esculturas já é tão emocionante, imagine o que o poeta deve ter sentido quando conviveu com o criador.

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