São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995 |
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'Superdieta' e excesso de TV podem deixar criança obesa
JAIRO BOUER
Um terço das crianças em São Paulo que têm acesso a uma alimentação adequada são obesas. Nos EUA, os obesos são cerca de 30% da população adulta. Essa taxa alcança valores semelhantes para as crianças. Em Chiba (Japão), estudo realizado com estudantes mostrou que a incidência de obesidade cresceu nas décadas de 80 e 90. A obesidade afeta 13,5% dos meninos e 9,5% das meninas com idade de 11 anos. Em 80, esses valores eram de cerca de 6,5% para meninos e 7,0% para meninas. Os dados são do endocrinologista Alfredo Halpern, livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Segundo Halpern, existem várias hipóteses para tentar explicar o crescimento da obesidade entre as crianças. Hoje, nos países mais ricos, há uma oferta maior de comida. Essa disponibilidade se reflete, principalmente, em um excesso de alimentos gordurosos. Aumentou também o sedentarismo. O número de horas diárias de atividade física entre as crianças caiu sensivelmente. Hoje, os campeões de entretenimento infantil são a televisão, os videogames e os computadores pessoais. Uma pesquisa recente realizada em Chicago (EUA) relacionou obesidade e a vida sedentária condicionada pela televisão. A taxa de obesidade entre as crianças que assistem a menos de uma hora diária de TV é de 10%. Nas crianças que ficam mais de cinco horas na frente do aparelho, esse valor salta para quase 25%. Para Halpern, que lançou recentemente o livro "Entenda a Obesidade e Emagreça" (MG Editores, 102 pgs., R$ 10,80), a melhor forma de tratar a obesidade das crianças é modificar o comportamento alimentar e aumentar a quantidade de atividade física. As alterações alimentares não devem ser rígidas (leia texto abaixo) e o combate ao sedentarismo pode ser feito às custas de atividades corriqueiras. Jogar bola na rua, correr e andar de bicicleta todo fim de tarde podem ser tratamentos eficientes. São raros os casos em que há necessidade de complementar o tratamento com medicamentos. Segundo Halpern, de quatro crianças obesas não tratadas, três vão se transformar em adultos obesos. A proporção cresce entre os adolescentes: 27 de 28 casos não-tratados serão adultos obesos. A noção de que na adolescência as crianças vão "esticar" e emagrecer só é verdadeira em um quarto dos casos. Quanto mais precoce for a intervenção, maior a chance de se prevenir a obesidade. Texto Anterior: Como clarear o cabelo em casa Próximo Texto: Alfredo, 9, faz dieta sem parar de comer chocolate Índice |
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