São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Tendência do mercado de arte é de alta no 2º semestre

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de arte reagiu bem ao Plano Real, a partir do segundo semestre do ano passado. As vendas aumentaram, a procura por obras de qualidade cresceu e algumas chegaram a dobrar de preço no espaço de apenas seis meses.
Mas as incertezas quanto ao futuro do plano e da inflação fizeram com que os negócios parassem novamente desde o mês passado.
"Não se pode tomar o 'pulso' do mercado de arte a cada mês", diz Pedro Corrêa do Lago, representante da Sotheby's (uma das maiores casas de leilão do mundo) no Brasil.
Segundo ele, é preciso analisar o setor sempre a longo prazo. E, em sua opinião, a tendência de retomada persiste. "Lá por junho ou julho o mercado deve estabilizar-se em um movimento de alta."
Para Corrêa do Lago, algumas despesas comuns à classe média alta tiveram uma alta de preço tão grande que, relativamente, as obras de arte ficaram baratas.
"Há um ano, um quadro que custava US$ 2.000 tinha um valor alto diante de um jantar em um bom restaurante, que ficava em torno de US$ 40", diz ele.
O jantar, hoje, custa US$ 100, fazendo com que o quadro de US$ 2.000 fique comparativamente mais barato, explica. "Isto deve gerar aumento nas vendas."
O marchand Renato Magalhães Gouvêa também está otimista quanto ao futuro do mercado de arte. Acredita até mesmo que o recente aumento na alíquota do Imposto de Importação para os carros estrangeiros, de 32% para 70%, possa beneficiar o setor.
"Quem ia adquirir uma BMW pode agora direcionar o valor correspondente para a compra de uma obra de arte", diz ele.
Para Gouvêa, o esforço principal, neste momento, é aumentar o universo de compradores. "O público que investe em arte, no Brasil, ainda é muito restrito.".
Assim como Corrêa do Lago, o marchand acredita que o mercado vai começar a "se agitar" a partir do meio do ano. Isto porque, segundo ele, a "estabilidade econômica deve continuar".
Pessimismo
Já Horst Zander, do Antiquário Altenburg, parece menos otimista. "Os negócios melhoraram no final do ano passado, mas estão paralisados desde o fim de março", diz ele, olhando o setor com uma visão mais de curto prazo.
"Nos últimos leilões, só foram vendidas as peças de menor valor; as mais caras não conseguiram ser negociadas", afirma.
Zander diz ainda que detectou uma mudança no comportamento do consumidor típico do mercado. "É comum hoje que um interessado em um quadro, por exemplo, venha 'pechinchar' seu preço, pedindo descontos que chegam a 30% ou 40%, mesmo que o custo não seja elevado."
Zander afirma ainda que, além dos descontos, os consumidores querem pagar a obra parceladamente, "em até seis vezes".
Segundo ele, esse procedimento pode prejudicar a seriedade do mercado, que trabalha muito na base da confiança.
"Se eu estiver pedindo um preço justo, não posso dar desconto de 40% nem parcelar o pagamento. Só se estivesse roubando no preço antes, ou seja, se não fosse um comerciante honesto."

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