São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995
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'Inventa-Desinventa' tem enredo monótono

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

"Inventa-Desinventa", com texto de Cláudia Vasconcellos e direção de Ana Portich, é uma peça de teatro que trata dos medos infantis mais comuns, como de escuro, monstro e fantasma.
A montagem tem o mérito de trazer bonecos (de Luiz Beltrame) simpáticos, construídos com material reciclado, que lembram o artesanato do Nordeste brasileiro.
A peça não encanta ou diverte. O enredo é monótono. A montagem tem falhas básicas, como mudar abruptamente de cena em uma estrutura narrativa linear.
No início, por exemplo, três crianças dormem. Duas saem, sem explicação, e a trama passa a centrar-se nas fantasias de Teodoro.
O foco da história é a insônia desse personagem (Aldemir Ferreira). Teodoro vê monstros e fantasmas e mantém-se apavorado até aparecer o Não-Monstro (Monahyr Campos), que lhe ensina uma técnica de perder o medo.
Quando alguém tem medo, a receita consiste em inventar algo bom para colocar no lugar do medo. Teodoro treina essa idéia em vários sonhos materializados.
Uma das aparições é a fada Saci-Perereca, representada por Geni de Joani. A atriz não foi feliz nas entonações de voz que escolheu para vários de seus personagens.
Além de fazer uma menina tatibitate no começo e no fim do espetáculo, Joani compõe uma caipira de sotaque falso e uma fada de voz quase esganiçada, porque força demais o tom natural.
Falar imitando criança, aliás, é uma característica dos três atores. Não há razão de ser nessa mimese, não acrescenta nada ao tema de "Inventa-Desinventa".
Além disso, a música é pobre e os figurinos não têm imaginação. A luz também não traz informação alguma às cenas.
As crianças participam de uma única cena -um sonho de Teodoro-, que não se relaciona em nada com o tema do enredo. Sobem no palco para semear, declamando os seguintes versos: "Abre o buraquinho/ Põe a semetinha/ Puxa a terrinha/ E bate o pezinho". É demais.

Peça: Inventa-Desinventa
Direção: Ana Portich
Elenco: Aldemir Ferreira, Geni de Joa
ni e Monahyr Campos
Onde: Teatro Cacilda Becker (r. Tito,
295, Lapa, tel. 864-4513)
Quando: sábados e Domingos, às 16h
Quanto: R$ 5

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