São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995 |
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Presidente dá 'última entrevista'
ANDRÉ FONTENELLE
Assim o presidente François Mitterrand encerrou entrevista ao jornalista Bernard Pivot, do programa "Caldeirão de Cultura, gravada terça-feira e exibida na sexta pela TV francesa. A entrevista está sendo considerada a última antes do fim do mandato do presidente, em 20 de maio -ou até antes, se confirmados os rumores de uma renúncia. Mitterrand, 78, falou sobre suas grandes obras no setor cultural, como a reforma do museu do Louvre e a Biblioteca Nacional, inaugurada há duas semanas ao custo de US$ 1,6 bilhão. Pálido, voz sumida -Mitterrand tem câncer na próstata em estágio avançado-, ele se mostrou lúcido durante todo o programa. "Em política, nunca se está satisfeito com o que se fez. Toda obra é inacabada, disse, analisando seus 14 anos na Presidência. Admitiu que se preocupa com o julgamento da história: "Que dirão de De Gaulle, por exemplo, daqui a milhares de anos?" Mas não deve escrever uma autobiografia: "É uma tentação. Mas não sei se terei tempo ou vontade." Indagado sobre se não foi "faraônico em seu esforço por construir grandes obras, respondeu que os gastos foram pequenos, se comparados ao orçamento oficial destinado à habitação. Observou também que 4 dos 11 maiores projetos de sua gestão na verdade haviam sido iniciados por seus antecessores. "De modo que somos vários os faraós", brincou. Em entrevista ao jornal "InfoMatin", Pivot disse que Mitterrand precisou de "grande coragem física para participar do programa". "No começo o esforço pareceu muito grande para ele, mas depois ele ficou mais vigoroso, como se a conversa o estimulasse", afirmou o jornalista. (AFt) Texto Anterior: Presidente desmente boatos Próximo Texto: Eleição será a 7ª com voto direto Índice |
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