São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995
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A próxima vítima, identificada

DALMO MAGNO DEFENSOR
ESPECIAL PARA O TV FOLHA

Passado um mês, ainda não sei direito os nomes dos personagens da complicada "A
Próxima Vítima", nem o grau de parentesco entre eles, o que prejudica minha com preensão da trama. Desmemoriados como eu acabam usando os nomes dos atores, ou de seus personagens anteriores, para falar da novela: "Cê viu o amasso do José Wilker na Claudia Ohana?" ou "Puxa, mas o Roque Santeiro é recém-viúvo da rainha de Avilan, amante da Rubra Rosa, e ainda quer ficar com a vampira, bem nas barbas da dona Armênia?".
Sugiro à Globo que personagens de novelas passem a usar crachás com seus nomes,
e cores variando de uma família para outra. Essa medida garantiria instantâneo entendimento a qualquer um, evitando os graves conflitos caseiros que ocorrem quando alguém à margem da história resolve importunar a família no meio do capítulo: "Ué, o Lima Duarte virou coronel italiano? Mas a Isabela não é sobrinha do Marcelo? O FHC não era social-democrata?".
O uso do crachá daria um ar de eficiência empresarial ao ambiente do estúdio, reprimindo brincadeiras e facilitando a memorização do script, resultando em menor gasto com fitas de vídeo, energia elétrica e horas extras. Isso é reeconomia, ainda melhor que reengenharia. E abriria novas fronteiras no campo da dramaticidade. Ana (Suzana Vieira) revelaria qual de seus filhos não é de Marcelo (José Wilker) na noite de Natal: um deles ganharia um crachá de cor diferente.
Os crachás seriam retirados só na penúltima semana da novela. No desfecho há tama
nha mistura de famílias, com a formação dos casais, que todos ficam aparentados -o
que levaria a uma única cor de crachá. Não teria utilidade.

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