São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ginástica ajuda mulher psicologicamente

DOUGLAS PALMER
DA "NEW SCIENTIST"

Segundo uma equipe de pesquisadores norte-americanos, as mulheres que fazem exercícios árduos apresentam tendência maior do que os homens a se beneficiarem psicologicamente dos mesmos.
Enquanto elas geralmente se sentem bem após se exercitarem ao limite de suas forças, homens que fazem a mesma coisa geralmente não têm essa sensação boa, a não ser que já estejam em condições físicas razoavelmente boas.
A idéia de que o exercício físico pode afastar a depressão é amplamente aceita. Quanto mais vigoroso, dizem os defensores da ginástica, maior a sensação positiva.
Mas os testes científicos dos efeitos psicológicos da atividade física focalizaram, principalmente, os exercícios físicos moderados.
Pesquisas recentes mostraram que ótimos atletas que fazem treinamentos rígidos demais frequentemente ficam deprimidos.
Efeitos psicológicos do exercício físico extenuante sobre mortais comuns são menos conhecidos.
"Ficamos surpresos ao constatar que existe apenas um estudo sobre efeitos dos exercícios exaustivos sobre o ânimo, feito apenas com homens", conta Nick Pronk, da Universidade Texas A&M, em College Station (EUA), que chefiou a pesquisa recente.
O estudo anterior mostrou que os únicos homens que se sentiam melhor depois de fazerem exercícios exaustivos eram aqueles que já estavam acostumados a fazerem exercícios cansativos.
Pronk e seus colegas decidiram verificar se a mesma coisa se aplica às mulheres. Eles testaram mulheres entre 30 e 66 anos que apresentavam grandes variações em termos de peso e aptidão física.
Para o teste, elas caminharam rapidamente, sem parar, num aparelho de ginástica.
A maioria das mulheres aguentou pelo menos 12 minutos, e nenhuma fez mais do que 20 minutos. Um mês depois, todas foram testadas pela segunda vez.
Após cada sessão de exercícios, Pronk e seus colegas fizeram as mulheres preencher um questionário padronizado usado para testar estado de ânimo.
Todas as mulheres, independentemente de seu grau de aptidão física, sentiram uma redução de tensão e ansiedade depois de se exercitarem no aparelho.
Pronk diz que a experiência precisa ser repetida num grupo misto de homens e mulheres, para confirmar a diferença entre os sexos.
Mas Andrew Steptoe, do Hospital Saint George, em Londres (Reino Unido), que conduziu o estudo anterior com homens, afirma não ter ficado surpreso com os novos resultados.
Ele acha que a diferença entre homens e mulheres existe porque os homens se esforçam mais, quando solicitados a se exercitarem ao máximo de sua resistência.
Em ambos os estudos, os voluntários decidiam por si sós quando parar, por não aguentarem mais.
Assim, é possível que homens se deixassem ficar tão exaustos que quaisquer efeitos positivos do exercício físico sobre seu ânimo fossem completamente anulados.

Tradução de Clara Allain

Texto Anterior: Marxismo é inepto, afirma dom Lucas
Próximo Texto: Agenda de Maciel será discreta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.