São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Padre lamenta discriminação

DA REPORTAGEM LOCAL

O padre Fernando Altemeyer Júnior, 38, disse no debate que a Igreja Católica "reconhece e pede perdão por tudo o que foi cometido em tantos séculos de discriminação" contra os judeus.
Citando texto do Concílio Vaticano 2º (reunião da cúpula católica realizada em 1962-63), o teólogo afirmou que a morte de Jesus não pode ser imputada "nem indistintamente a todos os judeus que viviam à época nem aos judeus do nosso tempo".
A afirmação de que os judeus foram responsáveis pela morte de Jesus serviu, muitas vezes, para justificar perseguições de cristãos contra a comunidade judaica.
Altemeyer Júnior defendeu a necessidade de uma "comunhão" entre as religiões.
"Queremos, como diz o Alcorão, abrir os cadeados que estão em nossos corações ou, como diz a Torá, trocar corações de pedra por corações de carne."
O Alcorão é o livro sagrado do islamismo. Torá são os cinco primeiros livros do Antigo Testamento, a Bíblia hebraica.
Em referência ao tema do debate, "O Mito de Jesus", Altemeyer Júnior disse que para os cristãos Jesus não é propriamente um personagem mítico, e sim histórico.
"Mas ao mesmo tempo o cristão tem um comportamento mítico à medida que sua experiência religiosa se funda na imitação do Cristo como modelo exemplar."
O teólogo reclamou de uma apatia global em relação ao que chama de "novos crucificados", as vítimas da situação social do país. "É preciso que uma voz se levante. Não poderá ser só a voz cristã. As crianças não podem ser mais sacrificadas", disse aos outros debatedores.

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