São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Pais liberam casa para namoro

ANTONINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é só a personagem Carina, da novela "A Próxima Vítima", interpretada por Deborah Secco, que grita "socorro" todas as vezes que seu namorado a convida para ir ao motel.
O constrangimento em ter que frequentar motéis na falta de outros lugares para transar é um velho problema para quem ainda mora com os pais.
E mais: na vida real, gente da idade de Carina, 15, nem poderia entrar em um. Pela lei, só maiores de 18 podem ir a motéis.
Felipe Carmoneiro, 18, e Manoela Nogueira, 16, conseguiram se livrar do problema. Os dois namoram há nove meses e dormem juntos quase todas as noites na casa de Felipe, em uma cama de casal.
É claro que o casal só pôs esta solução em prática com apoio dos pais. "Eu acho melhor o Felipe estar em casa do que na rua, se expondo a riscos", diz Regina Carmoneiro, 40, mãe dele.
O caso de Ricardo Petterman, 17, é oposto. É o garoto, e não a família, que proíbe a namorada de passar as noites em sua casa.
Sua mãe, Maria Helena Petterman, 47, diz que deixaria o filho levar as namoradas sem problemas. "Seria absorvido tranquilamente pela família."
"Dormir com a namorada e depois tomar o café da manhã com a família deve ser uma coisa horrível", contesta Ricardo.
Para ter mais intimidade com a namorada, ele costuma adotar soluções comuns entre os teens: viajar com a namorada ou esperar que os pais saiam de casa.
Menos sorte tem Luciano Bento, 16. Ele costuma transar dentro de carros. "É chato, mas é o jeito."
Bento conta que já frequentou um "drive in" (local em que carros são isolados em boxes) e não gostou muito. "É a mesma coisa que ficar na rua".
Bento não se importa muito com isso, mas a cada encontro, além de se expor ao risco de um assalto, ele pratica crime de ato obsceno (atitude sexual em lugar público ou aberto).
Menores de 18 anos que pratiquem o crime são sujeitos a penalidades "sócio-educativas" (trabalhos comunitários, por exemplo), fixadas por um juiz. Quem tem mais de 18 anos pode ser condenado a detenção de três meses a um ano ou a multa.
A., 23, é um frequentador assíduo de motéis. "Mas é só por falta de opção. Seria melhor dormir com a namorada em casa", diz. O principal problema para ele é o"rombo no orçamento". "Cada vez que vou ao motel gasto no mínimo R$ 30", diz.

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