São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Brasileiro derruba 'armários' nos EUA

JONATHAN BERNSTEIN
DA "SPIN"

Royce Gracie, o filho favorito da dinastia brasileira de jiu-jítsu, está esparramado no chão. Sua atenção está dirigida para o musculoso homem que está sobre ele e que lentamente tira seu fôlego.
"Jogue a toalha", aconselha alguém. "Vou queimar sua toalha", responde outro. Olhando para os rostos à minha volta -vermelhos, pontilhados por saliva e quase loucos- tenho a sensação de que o público do quarto Campeonato Ultimate Fighting (UFC) está aqui em Tulsa, Oklahoma (EUA), para assistir um homem matando outro.
A primeira luta programada marca a volta de Royce Gracie, 28. Ele caminha selvagem em direção ao temível octágono sobre os ombros de um trem humano, formado por sua família, incluindo o pai, de 83 anos. Seu oponente, o mestre de caratê Ron Van Clief, lidera o próprio time.
Gracie arremessa Van Clief ao chão, prende-o, dá um soco em seu pescoço, aplica o lendário golpe do estrangulamento, leva-o à submissão e depois o abraça - tudo em 90 segundos.
Os rounds passam em um piscar de olhos. A platéia está bastante dividida. Quando Gracie aparece, os fanáticos levantam bandeiras e gritam: "Cuidado com a ira de Royce". Os locais ameaçam com "EUA! EUA!".
O conflito final se aproxima. Jiu-jítsu contra a luta greco-romana. Gracie contra Daniel Severn, um "armário" local. Um cara que derruba seu oponente no chão e o estrangula contra outro, que derruba seu adversário e o esmaga.
Severn desaba sobre Gracie e fica ali como um réptil atracado. Por 15 minutos! O tempo passa. Royce consegue se desvencilhar miraculosamente. Seus 15 minutos de inatividade não foram em vão. Ele aperta o pescoço de Severn com o pé, sufocando-o lentamente, até o oponente pedir água. A multidão delira. Gracie diz : "Eu não perderia de jeito nenhum!".

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