São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Devedores contestam os valores das dívidas

DA AGÊNCIA FOLHA

O secretário da Agricultura de Santa Catarina, Dejandir Dalpasquale, 62, disse ontem que "o Banco do Brasil é o maior agiota do país" e está fazendo uma "verdadeira agiotagem" com o setor produtivo.
Agiota é quem empresta dinheiro a juro exorbitante. "O banco é agiota e virou um 'banco de praia'. Virou as costas para o setor produtivo e está muito bom para financiar jogos de praia", afirmou. O banco faz anualmente o "Circuito BB de Vôlei de Praia".
Segundo o secretário, Dejandir Dalpasquale Filho, que aparece na lista dos maiores devedores do BB com dívida de R$ 939 mil, "deve, na verdade, 25 mil sacos de soja, o equivalente a R$ 250 mil".
"Há erro"
O agricultor Pedro Monteiro Lopes, de Porto Alegre, disse que não tem dívida junto ao BB. O nome dele aparece entre os agricultores que não pagaram suas dívidas até novembro de 94.
Lopes afirmou ter ficado espantado ao saber que seu nome consta da lista de devedores. Ele alega que negociou o débito em dezembro de 93 e desde então tem pago as parcelas do empréstimo em dia.
Valor menor
Antônio Martins, diretor-financeiro da Servix Engenharia S/A, contesta o valor da dívida junto ao BB. "É muito menor", disse, não sabendo, porém, precisar o valor.
A empresa consta da lista das que deram prejuízo ao BB, com dívida de R$ 10,4 milhões.
"Essa dívida é coisa muito antiga. Remonta ao Plano Cruzado (86). Ela está 'sub judice' (ainda não julgada definitivamente). E o valor que nós achamos efetivamente devido está depositado em juízo", afirmou.
No caso da Cobrasma, que deve R$ 13,9 milhões (dívida considerada pelo BB como de difícil solução ou irrecuperável), Dercy Alves, secretária da presidência, informou que somente Luis Eulálio Bueno Vidigal Filho, presidente da empresa, poderia falar o caso. Ainda segundo a secretária, Luis Eulálio está na Europa e só volta ao Brasil no dia 26.
Protesto
Cerca de mil produtores rurais da região de Fátima do Sul (243 km de Campo Grande, MS) bloquearam ontem às 11h40 (12h40 em Brasília) a BR-376. A rodovia seria liberada à noite.
Eles protestavam contra a política agrícola do governo federal e a suspensão dos financiamentos.
Segundo Orivaldo Casotti, presidente do Sindicato Rural de Fátima do Sul, os produtores não vão admitir que o governo crie um novo indexador para substituir a TR (Taxa Referencial), usada para corrigir os financiamentos rurais.
Os produtores só estavam permitindo que ambulâncias e carros de polícia cruzassem a ponte.
A polícia orientou os motoristas a usarem uma estrada secundária.

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