São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Multidão destrói cadeia no interior da PB

DA AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

Uma multidão calculada pela PM em 500 pessoas destruiu anteontem à noite a cadeia pública da cidade de Lagoa Seca (130 km a oeste de João Pessoa).
A destruição da cadeia foi motivada pela morte do comerciante Pedro de Sousa Lima, 49.
Lima foi encontrado morto na última sexta-feira dentro da cadeia. No dia anterior, ele tinha sido preso pela Polícia Militar em um bar da cidade.
A multidão usou pedras, barras de ferro e pedaços de pau para destruir o prédio, onde também funciona a delegacia de Lagoa Seca. Os muros de algumas casas próximas à cadeia foram derrubados. Um grupo retirou da cadeia mesas, cadeiras, uma TV, um aparelho telefônico e documentos e fez uma fogueira na rua.
Depois do incidente, o Corpo de Bombeiros fez plantão em Lagoa Seca para evitar que os manifestantes ateassem fogo ao prédio.
A viúva Judite Morais de Sousa acusa o cabo Wandenberg Almeida e o soldado Edilson Sátiro pela morte de seu marido. Segundo os parentes, Pedro teria sido espancado na cadeia pelos dois PMs.
O comandante do 2º Batalhão da PM, Marcílio Evangelista, determinou ontem a abertura de um IPM (Inquérito Policial Militar) para apurar as denúncias contra os dois policiais, que estão presos e incomunicáveis.
Segundo Evangelista, eles negaram ter participação na morte do comerciante. De acordo com os acusados, Lima foi preso porque estava embriagado e morreu em decorrência de ferimentos que teria contraído durante uma briga.
O laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Campina Grande (PB) informa que o comerciante morreu devido a uma hemorragia interna provocada por espancamento. A Secretaria de Segurança Pública da Paraíba nomeou o delegado Francisco de Assis Silva para investigar a morte do comerciante.
Silva também está encarregado de apurar os responsáveis pela destruição da cadeia. Ele deverá concluir as investigações em 30 dias.

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