São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Dólar despenca e bate recorde de queda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O dólar bateu ontem novo recorde de queda no mercado internacional e foi cotado a menos de 80 ienes. Logo pela manhã de hoje em Tóquio (noite de ontem no Brasil), o dólar foi negociado a 79,75 ienes.
O Banco do Japão (banco central do país) imediatamente interveio no mercado de câmbio comprando dólares, conseguindo recuperar a moeda norte-americana para cotação acima de 80 ienes.
O recorde anterior, registrado no último dia 10, era de 80,15 ienes por dólar. A moeda norte-americana já perdeu mais de 20% de seu valor desde o início do ano em relação ao iene.
A cotação de 80 ienes por dólar era considerada uma "barreira psicológica" para o mercado financeiro. Ou seja, apesar de ser apenas uma cotação como as outras, o fato de o dólar valer menos do que 80 ienes produz uma reação especialmente negativa.
Os mercados financeiros mostram assim que o pacote anunciado pelo Japão na última sexta-feira com o objetivo de segurar a cotação do dólar foi tímido demais.
Esta sensação foi captada logo após o anúncio do pacote, feito pelo primeiro-ministro japonês, Tomiichi Murayama.
O pacote japonês, que foi acompanhado de uma redução de 0,75 pontos percentuais na taxa de juros, trouxe medidas de estímulo à demanda interna e às importações.

Mercado de câmbio
Operadores do mercado de câmbio continuam a acreditar que o dólar deve continuar caindo.
Segundo estes operadores, os EUA estariam dispostos a tolerar a queda de sua moeda, apesar dos anúncios em contrário por parte de autoridades norte-americanas.
Afinal, esta situação obrigaria o Japão a realizar concessões comerciais as quais o país vem se negando nos últimos anos.
O motivo é simples. A valorização do iene tende a desestimular as exportações japonesas e a estimular as importações. O Japão seria obrigado, segundo esta lógica, a fechar rapidamente um acordo com os EUA para, juntos, tentarem segurar a cotação do dólar.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse ontem que seu país deseja um dólar mais forte, mas levantou algumas dúvidas sobre a possibilidade de os governos conseguiram mudar o rumo da cotação no curto prazo.

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