São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995 |
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CD supera visão étnica
LUIZ ANTÔNIO GIRON
Quem se dispuser a ouvir suas 17 faixas sentirá a compulsão da analogia, fruto de um abismo entre visões. Até hoje, paráfrase e folclorismo dominaram as gravações desse tipo de música. A carreira de Marlui exemplifica a paráfrase. Suas canções cultuam o objeto ao mesmo compasso que se distanciam dele. O folclorismo marcou os discos dos bororos e caiapós. Feitos pelas comunidades, falta-lhes qualidade artística. "Ihu" supera a questão. Prova que o som indígena não havia achado músicos à altura de suas sutilezas. O CD vai do literal à adaptação. O duelo veloz entre Gil e Marlui em "¥aumu", com fundo do Uakti, é tanto fiel ao original como peça virtuosística. Há faixas que lembram a tradição africana, como "Tchori Tchori", dos jabotis, e "Kworo Kango". Mas a semelhança se deve mais à harmonização ocidental que a uma identidade cultural. O CD dá ao não-indígena a chance de apreender e praticar uma arte que sempre lhe pareceu vetada por causa da aparência caótica. (LAG) Texto Anterior: Marlui Miranda desbrava sons de 11 tribos Próximo Texto: ESTILOS MUSICAIS E LOCALIZAÇÃO DE 11 TRIBOS Índice |
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