São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Cultura aposta no jornalismo de serviços

DA REPORTAGEM LOCAL

O novo presidente da Fundação Padre Anchieta (que administra a TV Cultura), Jorge da Cunha Lima, promete enfatizar o caráter público e de prestador de serviços da emissora.
Cunha Lima, 62, foi eleito anteontem, com 31 votos, pelo Conselho Curador da Fundação. Estiveram presentes à assembléia 36 dos 45 membros do conselho.
Ele concorreu em chapa única ao cargo deixado por Roberto Muylaert. Sua posse está marcada para o dia 12 de junho, e o mandato é de três anos. Além da TV Cultura, a fundação administra as rádios Cultura AM e FM.
Essa não será a primeira experiência de Cunha Lima na TV. Entre 86 e 88, ele foi presidente da Fundação Cásper Líbero, que controla a TV Gazeta.
"O que me entusiasma na Cultura é que ela não é estatal, nem comercial", diz ele.
Cunha Lima elogia o modelo da TV, em que a destinação orçamentária é pública e a administração, privada. "A Cultura conseguiu uma equiparação razoável entre uma emissora pública, com preocupação cultural e educativa, e uma boa audiência", diz.
Ele acha que esse modelo pode gerar experiências renovadoras e independentes.
Inicialmente, a principal alteração deverá ser a introdução de notas informativas no meio da programação, sem que exista necessidade de o espectador esperar o noticiário para saber os principais acontecimentos.
"Vamos fazer um jornalismo que não aliene o espectador, que deixe ele horas sem informação."
As notas também servirão para divulgar a produção cultural, como lançamentos de livros e peças. "O sistema comercial só veicula o que lhe interessa", reclama.
"Vamos estudar como serão realizadas as modificações, pois essas inovações têm que ser feitas dentro da linguagem televisiva."
Apesar das promessas de algumas mudanças, Cunha Lima fará uma administração que dará continuidade ao trabalho das gestões anteriores.
Dentro dessa linha, Cunha Lima optou por manter a diretora de programação, Beth Carmona. "Nós estamos com uma programação cativante", declarou.
Ele admite que o carro-chefe da emissora é a programação infantil. "Ela é a nossa gazua, abriu as portas", reconhece.
"Na educação queremos transformar a TV em um elemento compensador de alguns vazios culturais de professores e alunos."
Uma das maiores preocupações de Cunha Lima recai sobre o orçamento da fundação. "Vamos passar por um período difícil de verbas", diz.
Segundo ele, o orçamento para o ano de 1995 é de U$ 50 milhões -a maior parte dos recursos sai dos cofres do governo estadual.
"Nosso objetivo este ano é conseguir entre 15% e 20% das verbas em parcerias com a iniciativa privada e com a venda de produtos."
Sua indicação foi bem recebida mesmo entre ex-funcionários da TV Cultura, como o jornalista Rodolfo Gamberini, 41, que se demitiu da TV há um mês.
Gamberini pediu demissão depois de ter sido repreendido pelo diretor de jornalismo da emissora, Marco Nascimento, por ter perguntado ao governador de Pernambuco, Miguel Arraes, sobre as denúncias de enriquecimento ilícito durante seu exílio na Argélia.
"Acho boa a indicação. Ele já fez um bom trabalho na TV Gazeta. É um homem de visão que vai modernizar muito a TV Cultura", avalia Gamberini.

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