São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bancos argentinos perdem US$ 500 milhões

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Cerca de US$ 500 milhões em aplicações financeiras saíram dos bancos argentinos na segunda e terça-feira, de acordo com dados do Banco Central.
A saída de dinheiro se deu apesar do seguro para depósitos que começou a vigorar no último dia 18. O seguro garante qualquer tipo de depósito até US$ 10 mil e com prazo máximo de 90 dias.
No esforço de evitar novas retiradas, os bancos elevaram as taxas de juros. Aplicações financeiras de 30 dias, em pesos, têm juros anuais de até 22% -antes, esta taxa era de 15%. Projeções do governo prevêem uma inflação anual, em 1995, de 3,5%.
Os bancos oferecem taxas de juros maiores para as aplicações em pesos porque existe o temor de uma eventual desvalorização da moeda frente ao dólar após as eleições presidenciais de 14 de maio.
As aplicações em dólares têm uma taxa de juros de aproximadamente 9% ao ano.
Entre segunda e terça, venceram US$ 5 bilhões em aplicações financeiras de 30 dias. Isto corresponde a 10% de todas as aplicações realizadas no sistema bancário argentino.
Por isso mesmo, o Banco Central está acompanhando com atenção o movimento de retiradas.
Até agora, o BC afirma que não chegou a uma avaliação adequada se os saques foram de rotina, para cobrir despesas dos correntistas, ou por desconfiança em relação ao sistema bancário.
A tranquilidade do sistema bancário argentino se restringe às instituições financeiras de primeira linha, como são conhecidas as entidades que têm a confiança do mercado e não possuem dificuldades para pagar os compromissos em dia.
O presidente Carlos Menem decidiu adiar para depois das eleições, marcadas para 14 de maio, a inevitável reforma no sistema bancário. Até agora, o BC suspendeu as atividades de apenas seis bancos, enquanto cerca de 40 operam com dificuldade, inclusive com limites de saques pelos correntistas.
O último banco a ter suas atividades suspensas, anteontem, foi o Austral, que se dedicava a financiar o comércio exterior e ao crédito direto ao consumidor.
Compra de instituições
O ministro da Economia, Domingo Cavallo, tem se reunido com grupos de grandes bancos para propor que estas entidades adquiram o controle acionário de instituições financeiras insolventes (incapazes de pagar os compromissos em dia).
É o modo que Cavallo encontrou para tentar reordenar o sistema financeiro sem repercussões significativas sobre as eleições.
Os Bancos Galicia e Río, que estão entre os dez maiores da Argentina, estudam comprar o Banco Federal, com mais de cem agências em todo o país.
O Federal vem enfrentando problemas de caixa para pagar os depósitos dos clientes.
Cavallo também anunciou que a ajuda do Banco Central aos bancos, permitindo que estas instituições façam caixa (obtenham dinheiro) para novos negócios, custará caro a partir de hoje.
O Banco Central exigirá como garantia para estas operações, conhecidas como redesconto, 51% do capital dos bancos.

Texto Anterior: Dólar registra alta nos EUA
Próximo Texto: Desemprego dispara no México
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.