São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
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EUA apontam aumento do tráfico no Brasil

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Os relatórios do Departamento de Estado apontam o crescimento da participação do Brasil no narcotráfico e criticam o que classificam de omissão do governo na punição dos traficantes, vigilância das fronteiras e combate à "lavagem" de dinheiro.
Os relatórios afirmam que o país transformou-se em cenário de operações de narcotraficantes sul-americanos.
Dados da ONU indicam que ao menos 20% de toda a cocaína consumida no mundo saem do Brasil.
O tema é vital nos Estados Unidos, onde o governo não aprecia uma discussão aberta pelo Ministério da Justiça no Brasil: descriminar o uso da droga.
Os Estados Unidos já pressionam a Colômbia, devido à decisão da Suprema Corte daquele país de liberalizar o consumo de drogas.
O ministro da Justiça, Nelson Jobim, cujo principal compromisso nos Estados Unidos é o encontro com sua colega Janet Reno, recebeu sinais de que o governo americano não aceita sua intenção de flexibilizar as drogas no Brasil, evitando a punição ao consumidor.
A posição é colocada diretamente pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Malvin Levinstky, que ocupou o principal cargo no Departamento de Estado no combate ao narcotráfico.
O Itamaraty está informado que esse assunto é capaz de carregar a agenda entre os dois países, estendendo-se até a setores comerciais.
Acordo
Jobim está costurando um acordo com os países sul-americanos, o que também não é aplaudido: seriam feitos acertos na região para combate unificado ao narcotráfico, mudando-se a legislação e as formas de punição.
Os EUA passariam a fazer um acordo com um bloco e não bilateral, como desejam.

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