São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
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Líderes do PFL preparam ato de apoio a Stephanes

DANIEL BRAMATTI; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os principais líderes do PFL estão articulando uma demonstração pública de apoio ao ministro da Previdência, Reinhold Stephanes, para desmentir rumores de que estaria isolado no partido.
Frente às dificuldades para salvar a reforma da Previdência, a estratégia é salvar o ministro.
Na próxima terça-feira, o ministro será recebido pelas bancadas do PFL na Câmara e no Senado, em um encontro cujo objetivo oficial é discutir as propostas do governo de reforma na Previdência.
"Vamos prestar solidariedade, não para preservá-lo como ministro, mas como homem de bem", disse o deputado Ney Lopes (PFL-RN), um dos organizadores do encontro.
"Hoje uma pessoa está no ministério e amanhã pode não estar. Mas Stephanes será sempre um homem que merece respeito", acrescentou Lopes.
O ministro se queixou de isolamento em seu próprio partido na terça-feira, durante jantar com o vice-presidente Marco Maciel, o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA), e o presidente do PFL, Jorge Bornhausen.
A atitude de alguns parlamentares demonstra que Stephanes tem razões para reclamar.
O deputado Jair Soares (PFL-RS) é um dos maiores críticos das propostas de reforma defendidas por Stephanes.
"As emendas do governo não respeitam direitos adquiridos, ferem o pacto federativo e não explicam como serão as regras de transição", disse Soares ontem.
O comando político do governo fez ontem uma avaliação positiva do apoio da base parlamentar do presidente Fernando Henrique Cardoso após três meses e 20 dias de governo.
Maciel reuniu os três líderes do governo para um balanço do desempenho dos aliados.
Eles constataram que o governo pode dispor de maioria de votos na Câmara com base na listagem das votações que permitiram o aumento do mínimo para R$ 100 atrelado a mudanças nas alíquotas das contribuições dos trabalhadores.
Durante a reunião no Palácio do Planalto, o resultado foi interpretado como um sinal de que o governo conseguirá aprovar suas propostas de emendas constitucionais.
No início de maio, deve acontecer a votação no plenário da Câmara das duas primeiras emendas -sobre a quebra do monopólio dos Estados na distribuição do gás canalizado e o fim de privilégios às empresas brasileiras de capital nacional.
O otimismo não vale para a proposta de reforma constitucional da Previdência Social.
Para impedir uma derrota na mudança de regras da aposentadoria, o governo evitou o confronto e partiu para a negociação de sua proposta.
Tiro de canhão
Segundo o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), Stephanes ficou "muito fragilizado" com a divulgação dos números do TCU (Tribunal de Contas da União), indicando que o saldo de Caixa da Previdência é maior do que o admitido pelo governo.
"Aquilo funcionou como um tiro de canhão", disse Inocêncio.
Inocêncio negou que o governo estude a possibilidade de retirar as emendas da Previdência por causa da reação de parlamentares.

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